A arte tem muitos caminhos – e eles podem ser vivenciados de muitas formas. Um deles está em abolir a divisão entre arte e ciência, pois, ao contrário do nosso mundo marcado por especialistas e especialidades, é desejável, como ocorria no Renascimento, a busca simultânea de saberes nas mais variadas áreas.
Nessa perspectiva, enquanto o homem medieval idolatrava Deus e o tecnológico acredita na técnica em si mesma; o essencial consiste em valorizar o poder humano de criar, conservar e destruir o mundo – e o que nele existe. O artista, portanto, precisa estar além do virtuosismo, aliando a alma ao talento.
O artista digno desse nome mantém viva a capacidade de estar sempre em mutação, combatendo a acomodação, principalmente quando escolas e mestres mais formatam indivíduos do que os prepara. Cabe ao criador desenvolver a consciência de perceber como a grandiosidade geralmente está nos detalhes.
O que é necessário são artistas humanos, capazes de ver na arte uma forma de transcender o cotidiano, não tanto no sentido místico – ou talvez inclusive nele –, mas, principalmente, no estético e, acima de tudo, no existencial. Isso exige humildade, atitude cada vez mais rara no mundo instagramável.
Oscar D’Ambrosio
(@oscardambrosioinsta)
Pós-doutor e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, mestre em Artes Visuais, jornalista, graduado em Letras, crítico de arte e curador.