“Sangue, sangue…,/viajante sorrateiro pelos mares sem fim,/a quem alimentas no Olimpo, quando brotas à revelia, para fora de mim … ?”. Imagem e texto de José Maria da Costa Villar geram uma reflexão sobre a nossa jornada existencial.
Seremos nós esse barco vermelho a vagar aparentemente sem porto de partida ou de chegada? A ideia de que se está em movimento rumo a algum lugar desconhecido predomina e faz pensar sobre como muitas vezes a dor do existir pode dominar o fascínio de viver. Ser um navio sangrento a singrar mares teria algum sentido para quem viaja ou para alguém que observa esse fluir pelas águas? Deuses de alguma ordem estão olhando essa embarcação perdida no infinito? Ou é a arte que busca ordenar cada existência individual e do coletivo humano para que tudo tenha algum significado?
Quem é o barco: nós ou a arte que fazemos? E quem ocupa o lugar do timoneiro: cada ser humano ou algo maior que pode estar em qualquer lugar? São perguntas que a imagem provoca e felizmente não responde.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador