Há obras de arte que podem ser ouvidas. Esse é o caso do conjunto de imagens proposto pelo artista visual T. Greguol nesta exposição. As suas criações, caracterizadas pela intensidade do movimento e pela volumetria dos materiais, lidam com a intensidade de uma dinâmica gestual que se completa no ato da observação do público.
Cada obra constrói uma escrita visual plena de pausas. As imagens remetem a questões filosóficas que envolvem as relações entre o tempo e o espaço. Isso não significa, porém, sisudez. Inclui o lúdico que leva o observador para um universo de ilusões norteadas pelo processo de construção. As pausas no caos levam assim ao silêncio que resulta em produção.
São instaurados, nesse processo, sons internos no público. As criações reverberam em sentidos alegóricos. Eles se dão no plano da racionalidade, pois passam por referências conscientes, e no da sensibilidade, no campo das memórias afetivas subjetivas. A arte é instaurada nos intervalos e nos elos entre esses campos ativados pelos trabalhos do artista.
Observar as obras torna-se uma experiência perceptual intelectual e sensível. Nessa jornada visual, cada imagem, ao mesmo tempo, constitui o início e o fim de um silêncio indagador que percorre os caminhos da arte e da vida, estimulando diálogos entre artista e público que perpassam camadas individuais e sociais, além de elos com a natureza e o universo.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.