A exposição “Habitare”, de Alejandra Dawi, traz um conjunto de peças que gera uma reflexão sobre os caminhos da própria arte contemporânea, no sentido de trazer um pensar sobre o universo em que vivemos sob uma perspectiva plástica.
As peças em cerâmica apresentam desde barcos de refugiados a alegorias de mortes e renascimentos no contexto da pandemia causada pelo novo coronavírus. Acima de tudo, está a se falar das possibilidades da vida se refazer e se reestruturar perante o sofrimento e a dor de perdas físicas e afetivas.
A modelagem é a matriz conceitual de imagens que levam a um pensar a arte e a vida como facetas de um movimento em que o barro funciona como metáfora de um erguer-se perante um mundo aparentemente caótico, no qual situações de vulnerabilidade, isolamento e incomunicabilidade se disseminam.
Abraços e gestos de oração e de resiliência são expressões de um fazer que busca a essência do ser humano perante diversas dificuldades. Diante da incerteza do existir, a arte não traz respostas prontas. Alejandra Dawi, nesse sentido, amplia perguntas e as coloca em uma dimensão ampla e existencial sobre o que nos torna humanos.
Oscar D'Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.