Ancestralidades negras estão profundamente ligadas à escravização dos africanos trazidos à força para o chamado Novo Mundo. Questões envolvendo a imigração forçada de pessoas pretas para Brasil, muitas delas voltadas, respectivamente, para plantações de cana-de-açúcar, café e algodão, entre outros produtos, geraram inegáveis lutas, desafios, tensões e conflitos.
O resultado é um conjunto de opressões, resistências e sobrevivências que se deram e se dão no plano físico, como no enfrentamento da viagem do continente africano para as Américas em condições insalubres, como no social, que inclui o reposicionamento dessas pessoas após o fim da escravidão.
Esta exposição de Adinelson Filho, Livia Passos, Luzimar Azevedo e Mônica Monteiro aponta como a influência negra está presente nas mais diversas esferas da cultura do Brasil, seja no idioma, na cultura ou na comida e se posiciona dentro de um diálogo entre as lendas, ritos, saberes e sabores que provêm de religiosidades, cosmogonias, concepções de espaço e de tempo transladadas da África para Brasil.
As obras trazem essas discussões de várias formas, apontando que o legado da cultura africana no país se dá pelas mais diversas manifestações culturais e religiosas, construindo uma sociedade ampla em suas variadas manifestações, sempre em uma perspectiva inclusiva em que o diálogo entre as diferenças é que torna o país pleno de possibilidades de desenvolvimento.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.