A exposição “Bará”, de Gustavo Nazareno (@gustavodenazareno), no Museu AfroBrasil, apresenta diversas faces de Exu, entidade que abre caminhos, lidera transformações e possibilita o movimento das trevas para a luz, sendo a manifestação de um sincretismo cultural muito forte, principalmente na Bahia e no Rio de Janeiro.
Os trabalhos do artista lidam com questionamentos visuais sobre a passagem das trevas para a luz, e vice-versa, contribuindo para minimizar o preconceito sobre as religiões de matriz africana no país. O vermelho e preto são dominantes, mas dialogam, em alguns trabalhos, com o branco e o azul, lidando sempre com sentidos de metamorfose.
A expressão que intitula este texto é usada como saudação à entidade e pode ser traduzida livremente como “Salve, mensageiro”. Seu uso geralmente acontece em rituais de Candomblé e Umbanda e, originada da língua iorubá, grupo étnico africano da região da Nigéria, homenageia Exu que, como ocorre nesta exposição, abre olhares.
Divindade das religiões de matriz africana que representa justamente os elos entre o sagrado e a humanidade, ele é alegoricamente tratado nas obras como sentinela e protetor dos indivíduos. Elo entre eles e os outros orixás, nas pinturas, abstratas ou não, o seu múltiplo papel de guia e de passageiro entre mundos é constantemente reforçado.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador