O pintor alemão Gerhard Richter (1932) apresenta uma impressionante diversidade e qualidade técnica. Seus trabalhos englobam obras figurativas de pessoas e paisagens; construtivistas, com pesquisas sobre a cor em tela e em painéis de vidro e espelhos; e abstratas, com a destruição dos referentes do mundo chamado real e expressão gestual.
A série “Birkenau” (2014) consiste em quatro pinturas (260 × 200 cm cada) com tinta a óleo sobre tela. Elas partem de fotografias tiradas secretamente, em 1944, de prisioneiros judeus em Auschwitz-Birkenau. Um grupo de resistência inseriu uma câmara no campo de concentração e uma polonesa conseguiu retirar o filme em um tubo de pasta de dente.
Richter oculta em sua pintura as imagens, dando, pela invisibilidade delas, perenidade ao tema. A utilização da tinta gera camadas e sugere rupturas que aludem à dor presente nos documentos históricos do Holocausto. Pela destruição, memórias podem ser assim reconstruídas.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.