Pluralidade de gerações, novas carreiras e tecnologias emergentes: executivos comentam evolução do trabalho

No dia 1° de maio foi celebrado o Dia do Trabalhador, data que relembra a luta de um grupo norte-americano por melhores condições de trabalho, no final do século XIX. De lá pra cá, muita coisa mudou: o modelo de trabalho, as prioridades, as demandas econômicas e as ferramentas tecnológicas disponíveis. Mas os desafios continuam incontáveis.

Considerando a importância da data, especialistas de diferentes áreas se unem em celebração e compartilham insights sobre pluralidade geracional, ambições profissionais, o impacto do universo digital e os benefícios corporativos. Confira:

Pluralidade geracional

O convívio entre várias faixas etárias, como as gerações Baby Boomers (1945-1964), X (1965-1980), Y (1981-1996) e Z (1997-2010), tanto no ambiente de trabalho como na sociedade, traz desafios significativos, conforme indicado pelo relatório “Tendências de Gestão de Pessoas”, do Ecossistema Great People & GPTW. O estudo aponta que mais da metade dos profissionais (51,6%) enfrentam dificuldades para lidar com as expectativas das diferentes gerações no ambiente corporativo.

A área de recursos humanos deve estar atenta e ciente dos desafios de seus colaboradores, incentivando as trocas geracionais e dando suporte nessa convivência. Até porque as habilidades de todas as faixas etárias se mostram cruciais no ambiente corporativo: um levantamento recente do ManpowerGroup identificou que a resiliência e a capacidade de adaptação são duas das principais características mais relevantes para as empresas atualmente.

“Esse dado reforça a importância da pluralidade geracional pois, com a soma de competências dos profissionais de diferentes gerações, é possível aumentar o potencial de inovação e melhorar os resultados das equipes. Por exemplo, enquanto os jovens possuem mais familiaridade com determinadas tecnologias, os colaboradores experientes costumam ser mais resilientes no enfrentamento de problemas complexos”, explica Wilma Dal Col, diretora de Gestão Estratégica de Pessoas no ManpowerGroup Brasil.
 

Retenção de talentos

No último ano, mais de sete milhões de brasileiros deixaram seus empregos, segundo um levantamento da LAC Consultores feito com dados do Ministério do Trabalho e Emprego. 

Mas como atrair e reter colaboradores tão diferentes entre si? Além de planos de desenvolvimento bem desenhados e lideranças que engajem os colaboradores, uma das técnicas utilizadas pelo RH das empresas são os benefícios corporativos, que impactam diretamente a satisfação dos trabalhadores e impulsionam a produtividade.

“As empresas precisam investir em programas de bem-estar no trabalho que promovam estilos de vida saudáveis e equilibrem a vida pessoal e profissional. Esses programas não só beneficiam os funcionários, mas também as empresas, contribuindo para reforçar a produtividade, aumentar o engajamento e fortalecer a marca empregadora. É essencial buscar sempre oferecer os melhores benefícios corporativos”, explica Jhonata Lima, especialista em Marketing da Up Brasil.

Além disso, benefícios corporativos impactam o employer branding das companhias, destacando-as positivamente entre suas concorrentes do mercado de trabalho.

Navegando na era digital

A preparação da geração Z para o mercado de trabalho está intimamente ligada ao domínio e à compreensão da tecnologia. Como a primeira a crescer em um mundo totalmente digitalizado, essas pessoas têm uma afinidade natural com dispositivos eletrônicos, mídias sociais e plataformas online. No entanto, essa familiaridade vai além do uso recreativo; ela também molda as habilidades e expectativas profissionais dos empregadores.

“A tendência é que mais e mais empresas busquem por candidatos que tenham algum conhecimento em áreas como programação e informática. Por isso, crianças e adolescentes precisam ser treinados para futuramente se manterem competitivos no mercado”, comenta Henrique Nóbrega, diretor fundador da Ctrl+Play, escola de programação e robótica para crianças e adolescentes.

Carreiras em evolução

Ao longo dos anos, surgiram novas configurações de trabalho e planos de desenvolvimento individual, oferecendo uma nova percepção do que é carreira. Se antes o foco era estabilidade e longevidade na empresa, hoje já existem diferentes desafios e oportunidades profissionais mais criativas — em parte influenciados pela transformação digital e pelo trabalho remoto.

“O ambiente de trabalho se tornou mais dinâmico e competitivo, e a adaptação e a aprendizagem contínua viraram pré-requisito para alcançar o sucesso profissional. Com a possibilidade do trabalho remoto, vagas freelancers e oportunidades internacionais entraram no jogo para estimular os especialistas de todas as áreas”, destaca Samyra Ramos, gerente de marketing da Higlobe, fintech de pagamentos para freelancers e contratados brasileiros que trabalham remotamente para empresas nos EUA.

Universo empreendedor

O sonho de ser o próprio chefe resistiu bravamente e ganhou novas configurações. As possibilidades se expandiram para o digital, e “abrir o próprio negócio” não significa mais necessariamente ter um espaço físico e burocracias infinitas. No entanto, isso não quer dizer que basta ter uma ideia e começar a trabalhar; ser empreendedor ainda requer planejamento cuidadoso, conhecimento de gestão, busca por informações relevantes e acesso a tecnologias de ponta.

“Hoje, o mercado de trabalho valoriza agilidade e inovação, favorecendo modelos de negócios como startups. Ele já está dominado por profissionais que cresceram imersos nos avanços tecnológicos, como a internet e as redes sociais, onde os meios digitais são uma extensão natural de suas vidas; é natural que o ato de empreender siga esse caminho”, pontua Tatiana Bonifácio, gerente de marketing da Gaudium, startup focada nos mercados de mobilidade e logística.

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