Apesar da elevação da adversidade no cenário externo e da desancoragem das expectativas inflacionárias, a Assessoria Econômica da ABBC – Associação Brasileira de Bancos, entende que há condições para o cumprimento do forward guidance.
Para a próxima reunião do Copom, marcada para os dias 7 e 8 de maio, projeta um corte de -0,50 p.p., levando a taxa básica de juros a 10,25% ao ano. Esse deve ser o último corte dessa magnitude feito pelo Copom neste ano, o qual deverá indicar atualizações em relação ao balanço de riscos.
De acordo com as análises do cenário presente, a ABBC projeta que, a partir da próxima reunião do Copom, em junho, o corte caia para 0,25 p.p., dinâmica que deve se repetir na reunião seguinte. Para o final de 2024, a Selic deve encerrar em 9,25% a.a..
Nesse sentido, importante avaliar o comunicado que deverá trazer além da atualização do balanço de risco para a inflação, dos seus fatores, e do seu cenário de referência com as premissas atualizadas, mais detalhes quanto à evolução do hiato do produto, em meio à recuperação do mercado de trabalho e da renda. Deverá também proporcionar uma avaliação mais detalhada dos mecanismos de transmissão da conjuntura externa e dinâmica inflacionária interna, sobretudo no que tange ao impacto do atraso da flexibilização monetária nos EUA nos preços dos ativos e na demanda internacional e os aspectos altistas e baixistas relacionados à inflação.
“Diante das dúvidas quanto à flexibilização monetária nos EUA e os conflitos geopolíticos, acredito que seja necessário cautela ao avaliar os mecanismos de transmissão da conjuntura externa sobre a dinâmica inflacionária interna com a alteração de cenário, depurando o que de fato seriam mudanças estruturais e o que seriam fruto da volatilidade”, avalia Everton Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC.
Adicionalmente, o Copom irá avaliar de perto o comportamento atual da inflação, com foco especial nas medidas subjacentes e na variação de preços dos serviços, enquanto também confirmará os efeitos positivos de uma dinâmica fiscal mais sólida na estabilização das expectativas.
“Para não comprometer os aspectos positivos atingidos até então pelo forward guidance, na linha de conferir maior grau de liberdade para a política monetária, e tendo como base a relação custo-benefício, acreditamos que a comunicação será ajustada novamente, com o Copom não se comprometendo com sinalização de eventual corte de juros, mas especificando os condicionantes para a definição da taxa terminal”, finaliza Everton.
Sobre a ABBC – A ABBC – Associação Brasileira de Bancos é uma entidade sem fins lucrativos, instituída em 1983, para contribuir com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e gerar benefícios aos seus associados e à sociedade em geral como colaboradora no desenvolvimento econômico sustentável do Brasil. A ABBC tem mais de 100 instituições associadas (entre bancos, cooperativas de crédito, instituições de pagamento e financeiras) e está entre as maiores entidades representativas do SFN. Faz parte do escopo da associação a prestação de serviços voltados para a otimização de atividades, a redução de custos operacionais, a observância regulatória e a promoção de ações de cunho educacional, visando capacitar profissionais que tenham relacionamento com o setor. Entre os pilares estratégicos da instituição estão as ações de ESG, liderança feminina, cibersegurança e prevenção a fraudes.