“Mulheres são mais suscetíveis ao transtorno do pânico do que os homens”, afirma especialista

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) estimam que 280 milhões de pessoas no mundo têm transtorno do pânico. No Brasil, a entidade acredita que cerca de 6 milhões de pessoas sejam afetadas por essa condição

Conforme explica a médica Fernanda Rizzo (CRM-ES 15.099 e RQE 11.882), pós-graduada em Psiquiatria, trata-se de um transtorno de ansiedade caracterizado pela presença de crises de pânico recorrentes e inesperadas. Essas crises envolvem uma sensação súbita e intensa de medo ou ansiedade, que pode vir acompanhada por sintomas físicos, como taquicardia, falta de ar, sudorese, tremores e sensação de desmaio. Diferentemente da ansiedade normal, que pode ser uma reação proporcional a situações de estresse ou perigo, o transtorno do pânico ocorre de forma inesperada e desproporcional, causando prejuízos grandes à vida do indivíduo tanto pessoal quanto profissional. “O diagnóstico é clínico, baseado na história relatada pelo paciente, com critérios bem definidos em manuais diagnósticos, como o DSM-5. É essencial realizar uma avaliação detalhada para excluir causas orgânicas que simulem os sintomas, como problemas cardíacos, hormonais ou neurológicos”, aponta.

Segundo Rizzo, os sintomas da doença são geralmente mais intensos e de início súbito, atingindo o seu auge em poucos minutos. Eles podem incluir manifestações físicas e emocionais tão severas que muitas vezes são confundidas com emergências médicas, como um infarto. Já a ansiedade normal tende a ser algo gradual, menos intensa e relacionada a fatores específicos, sem atingir os níveis extremos típicos do transtorno do pânico.

Sensação de morte

De acordo com a médica, essa sensação de morte iminente ocorre porque os sintomas físicos são extremamente intensos e simulam condições graves, como infarto ou sufocamento. Além disso, há um componente cognitivo importante: durante uma crise, o cérebro interpreta esses sinais como uma ameaça real à sobrevivência, o que amplifica ainda mais o medo e a sensação de descontrole.

Gatilhos

Embora as crises possam parecer imprevisíveis, Rizzo observa que alguns fatores podem atuar como gatilhos, incluindo situações de estresse intenso, traumas, consumo excessivo de cafeína ou substâncias estimulantes, privação de sono e até mesmo predisposição genética. “O gatilho pode ser interno, como pensamentos catastróficos ou a percepção de sintomas físicos que a pessoa interpreta como perigosos”, pontua.

Dra. Fernanda Rizzo – Foto divulgação

Mulheres

A médica comenta que as mulheres são mais suscetíveis ao transtorno do pânico porque a diferença pode estar relacionada a fatores biológicos, como flutuações hormonais, sociais e culturais, que podem aumentar os níveis de estresse e a percepção de ameaça, visto que são mais suscetíveis a essas situações culturalmente. No entanto, Rizzo ressalta que alguns estudos sugerem que as mulheres tendem a buscar mais ajuda para questões emocionais, o que pode levar a um número maior de diagnósticos.

Tratamento

A médica reforça que os tratamentos mais eficazes incluem uma combinação de psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental (TCC), medicamentos, como antidepressivos e ansiolíticos, e a duração depende de cada caso. Em alguns pacientes, a médica diz que pode ser necessário um acompanhamento prolongado, enquanto outros conseguem manter os sintomas sob controle e suspender eventualmente a medicação mais brevemente. “A decisão sobre a continuidade do tratamento deve ser feita em conjunto com um profissional médico especializado e nunca deve ser decidida/suspensa por conta própria”, destaca.

Alternativas

Rizzo concorda que ioga e meditação podem ser estratégias complementares eficazes para o manejo do transtorno do pânico por ajudarem a reduzir o estresse e a promover o relaxamento. Ela salienta que essas práticas favorecem a regulação emocional e a diminuição da reatividade do sistema nervoso, contudo não devem ser consideradas substitutas do tratamento convencional e de acompanhamento médico especializado, especialmente em casos mais graves.

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