PIB cresce 1% no 1º trimestre, mas não garante saída da recessão

NICOLA PAMPLONA, MARIANA CARNEIRO E ÉRICA FRAGA

RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A economia brasileira registrou, no primeiro trimestre deste ano, o primeiro resultado positivo após dois anos seguidos no vermelho.

O IBGE divulgou nesta quinta (1º) que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2016, já retirados os efeitos sazonais. É o primeiro número positivo desde dezembro de 2014.

Em relação ao primeiro trimestre de 2016, o PIB recuou 0,4%. No acumulado de quatro trimestres, a queda é de 2,3%.

O principal fator para o resultado positivo no primeiro trimestre foi o desempenho do setor agropecuário, que cresceu 13,4% no período, embalado por safras recordes de grãos.

Os serviços, que respondem por mais de 70% do PIB, ficaram estáveis. E a indústria teve leve alta de 0,9%.

Com o desemprego em nível recorde, o consumo seguiu em leve baixa (-0,1%).

O investimento recuou 1,6%, ainda na esteira da recessão.

O resultado do PIB veio em linha com o que projetavam analistas. A projeção central era de uma alta de 1% no trimestre.

FIM DA RECESSÃO?

Embora o número aponte uma melhora, economistas afirmam que não é garantia de que o país saiu da recessão.

Em termos técnicos, para que uma economia esteja em expansão é preciso que o crescimento esteja espalhado por vários setores e em rota sustentável.

Além disso, os dados que começam a sair do segundo trimestre e a mais recente turbulência política elevam o risco de que o PIB volte a cair nos próximos meses.

Para especialistas, as duas características que indicam fim da recessão -crescimento em vários setores e em rota sustentável- não estão claramente configuradas no Brasil atualmente.

Apesar dos bons resultados do agronegócio, a indústria tem apresentado altos e baixos e o setor de serviços continua sofrendo com a falta de demanda em um contexto de desemprego recorde.

Além disso, segundo economistas, o PIB pode voltar a recuar no segundo trimestre, principalmente após a deterioração do cenário político, com risco de paralisia de reformas, como a da Previdência.

“Ainda não via motivo suficiente para dizer que a recessão tinha acabado. A crise política adicionou um viés extra de baixa nessa análise”, diz o economista Paulo Picchetti, da FGV.

Picchetti é um dos sete membros do Codade (Comitê de Datação dos Ciclos Econômicos) que estabelece, oficialmente, o início e o fim das recessões no Brasil.

Ele ressalta que foi difícil determinar o início do atual ciclo recessivo e tudo indica que isso se repetirá no processo para registrar seu fim.

Os comitês de datação de ciclos -no Brasil e em outros países- normalmente esperam algum tempo para anunciar suas decisões e só se manifestam quando têm elementos suficientes nos quais se basear.

Embora o conceito de dois trimestres consecutivos de queda seja a definição mais popular de recessão. Na prática, nem sempre isso ocorre.

O Codace estabeleceu o segundo trimestre de 2014 como o marco inicial do atual ciclo, embora ele tenha sido seguido por dois outros trimestres de estabilidade do PIB.

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