A obra de Evelyn Gonoretzky conduz a uma reflexão sobre o ato de desapegar, percebido como um estado de desprendimento. A pessoa que o pratica não deposita todas as suas expectativas em algo. Há na palavra uma sensação, talvez, de perda, mas existe também a capacidade de abrir mão de objetos e expectativas.
Trata-se de uma espécie de faxina em que ocorre uma libertação daquilo que não tem mais utilidade ou não faz mais sentido. Passa pela prática de limpezas daquilo que se guarda mesmo sem usar com a perspectiva de que possa ser útil em um futuro incerto.
Mesmo que algo tenha valor afetivo, portanto, é questionável que seja acumulado.
A decisão pessoal ou coletiva de desapegar, como sugere a delicada imagem de Evelyn, pode então ser abordada por essas e outras perspectivas. Não guardar o que não tem uso gera mais espaço, menos coisas para limpar e menos estresse. Leva a uma melhor convivência consigo mesmo, com a sociedade, com a natureza e com o universo
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.