Adolescente autuado é colocado frente a frente com o pai preso

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Um promotor de justiça de Londrina, cidade do Paraná, colocou pai e filho frente a frente pela primeira vez em sete anos para uma conversa sobre respeito.

O adolescente de 15 anos, usuário de maconha, ameaçou o diretor da escola e foi levado à cadeia para ouvir o pai, condenado a 79 anos de prisão por vários assaltos a mão armada.

O promotor Marcelo Briso Machado, da Promotoria de Adolescentes de Londrina, contou numa rede social os detalhes do reencontro que ocorreu na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 1), onde o homem está preso. A avó do menor e mãe do presidiário também esteve presente.

“Sem escolta mas algemado, o preso sentou-se frente a frente com o menino e, a um sinal meu, olhou-o profundamente nos olhos e passou a dizer, no único linguajar que sabia (o das cadeias), tudo aquilo que sabemos sobre respeitar professores, diretores e demais funcionários de escolas, bem como tudo aquilo que ele mesmo conhecia sobre o uso de drogas (confessou ter tido conta em cinco biqueiras de tráfico em Londrina)”, relatou Machado.

O promotor disse que o menino ouviu tudo “impressionado”. A audiência foi monitorada por uma assistente social, sob coordenação do diretor da penitenciária.

De acordo com o promotor, a mãe do menino “sumiu para o mundo há tempos” e ele vive com a avó, já bastante idosa.

Ainda segundo ele, cerca de 8% dos adolescentes atendidos nos últimos 4 meses na 27ª Promotoria de Justiça de Londrina têm pai preso.

“Desde a primeira audiência, realizada sem o pai há cerca de 1 mês, o rapaz modificou completamente o comportamento escolar e hoje frequenta a Escola Profissional e Social do Menor de Londrina (EPESMEL), tendo até agora bom aproveitamento”, relatou o promotor, que fez um apelo para empresas da região que querem contratar adolescentes legalmente.

Infelizmente não consegui retirar do menino o firme propósito de vender bala e chiclete na rua “para ajudar a véinha” (sua avó). O problema do trabalho de rua não é que ele é trabalho; é que ele é de rua. Empresas londrinenses que quiserem empregar legalmente adolescentes podem entrar em contato com a EPESMEL no horário comercial (tel. 43.3325-4128) e falar, dentre outros profissionais, com a assistente social Alexandra Alves”.

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