Alta dos produtos de construção civil pesa no bolso e no sonho dos brasileiros

A indústria de construção civil tem apresentado forte crescimento nos últimos anos. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor cresceu 1,1% no 3º trimestre de 2022 em relação ao 2º trimestre do ano, um índice maior do que o próprio PIB (produto interno bruto) do país, que foi de 0,4% no mesmo período.

Porém, enquanto o setor se expandia, houve um aumento vertiginoso no preço dos materiais de construção, a exemplo da argamassa, um dos principais componentes utilizados em projetos de construção. É o que revela uma pesquisa realizada pela Price Survey, startup especialista em pesquisa de mercado.

O estudo foi realizado entre os meses de janeiro e novembro do ano passado. Foram analisados quatro tipos de argamassa: AC 1 e AC 2 de 20 kg cada, AC 3 cinza 20 kg, e porcelanato interno cinza 20 kg. Os dados foram coletados em 231 cidades de 23 estados das cinco regiões do país. Ao todo, foram pesquisados 7.811 pontos de venda.

De acordo com a pesquisa, considerando os dados gerais, a região Norte foi a que vendeu o produto mais caro no país (R$ 27,55). A região Sul foi a que vendeu o produto com preço mais barato (R$ 23,91). Já os estados do Ceará, Santa Catarina, Espírito Santo, São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal e Goiás foram os que apresentaram o menor preço médio em diferentes meses.

Para Maycon Andrade, CEO da Price Survey, essa variação pode ser influenciada por diversos fatores, entre eles a disponibilidade dos produtos, as condições econômicas do país e a concorrência no mercado local, muitas vezes desleal, o que afeta diretamente a compra e a venda. “Ela pode ter implicações importantes para empresas e consumidores, como a necessidade de se ajustar às diferenças de preços ao planejar suas estratégias de compra e venda”, diz.

Maycon Andrade, CEO da Price Survey

Para o CEO, a oscilação dos preços da argamassa afeta diretamente o orçamento total de uma família que, neste caso, acaba adiando o sonho da casa própria ou adequando o tamanho com o que cabe no bolso, e, consequentemente, a rentabilidade da empresa responsável pela construção. “Quando os preços das argamassas aumentam, os custos dos projetos de construção também tendem a aumentar. Isso pode fazer com que as empresas construtoras procurem alternativas mais baratas, mas que possam não ser tão eficientes ou de qualidade inferior. Além disso, empresas que fabricam argamassas também podem ser afetadas por variações nos preços dos insumos utilizados na produção”, sublinha.

Maycon acredita que, com a manutenção da atual taxa de juros e o desestímulo ao consumo, os preços têm chance de subirem menos.

Confira a evolução mês a mês do custo mais barato e mais caro nos estados:

Janeiro – Mais barato: CE (média R$ 20,77); e mais caro: BA (média R$ 26,04)

Fevereiro – Mais barato: SE (média R$ 17,33); e mais caro: AL (média R$ 30,76)

Março – Mais barato: SC (média R$ 20,09); e mais caro: PB (média R$ 31,20)

Abril – Mais barato: CE (média R$ 20,42); e mais caro: RR (média R$ 40,83)

Maio – Mais barato: CE (média R$ 20,45); e mais caro: AM (média R$ 40,32)

Junho – Mais barato: SC (média R$ 21,94); e mais caro: AM (média R$ 37,06)

Julho – Mais barato: ES (média R$ 22,56); e mais caro: RR (média R$ 55,10)

Agosto – Mais barato: SP (média R$ 26,75); e mais caro: RO (média R$ 31,50)

Setembro – Mais barato: RS (média R$ 24,49); e mais caro: GO (média R$ 27,68)

Outubro – Mais barato: DF (média R$ 24,16); e mais caro: GO (média R$ 25,44)

Novembro – Mais barato: DF (média R$ 25,36); e mais caro: GO (média R$ 26,44)

Sobre a Price Survey: https://www.pricesurvey.io/

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