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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Convidado do programa Conversa com Bial, exibido pela TV Globo na madrugada desta quinta-feira (19), Rubens Barrichello relembrou fatos de sua carreira no automobilismo, mas sem refugar do tema mais polêmico: a relação conturbada com o alemão Michael Schumacher, de quem foi companheiro na Ferrari por seis temporadas na Fórmula 1, entre 2000 e 2005.
O brasileiro reiterou que nunca manteve relação de amizade com Schumi. Com um copo de vinho na mão, ele era ótimo. Trabalhar com ele era muito complicado, disse no programa. No entanto, ele manifestou o desejo de conseguir algum tipo de reaproximação com o ex-piloto, que sofreu um grave acidente de esqui, em dezembro de 2013, e desde então pouco se sabe sobre o real estado de saúde dele.
Na cirurgia [para a retirada de um tumor, também relatada no programa], eu tomei anestesia geral. O doutor Dino [Altmann, chefe médico do GP do Brasil de Fórmula 1] me disse: Você falou do Schumacher. Existe esse link nosso, algo inconsciente. Estou buscando meios de saber como ele está. Não tenho notícias dele, contou.
Pedro Bial, o apresentador da atração, exibiu imagens do GP da Áustria de 2002, em que o brasileiro liderava nas voltas finais, mas foi obrigado a deixar Schumacher passar, por ordem da escuderia italiana, já que o parceiro estava na briga pelo título mundial. O episódio ficou marcado como um dos mais vergonhosos da história da categoria, e provocou mudanças no regulamento para inibir o jogo de equipe.
Neste dia, eu saí desse pódio e não fui à sala de imprensa porque passei mal. Vomitei muito de raiva. Nós, como brasileiros, deveríamos sentir orgulho. Não foi algo que eu quis, não foi premeditado. Se aconteceu, foi por força de alguma coisa, disse Barrichello, que prometeu divulgar futuramente em um livro todo o diálogo com o chefe da Ferrari na época, o francês Jean Todt.
Bial também questionou Barrichello sobre as recorrentes piadas e críticas, que associam o fato de ele nunca ter sido campeão da Fórmula 1 a um suposto fracasso. Ele não escondeu incômodo com a situação, mas disse acreditar em uma mudança de mentalidade, que virá com as novas gerações, menos imediatista em relação esporte brasileiro.
Não dá para falar que eu não fiquei magoado, mas sempre quis dar a volta por cima na minha vida, resumiu. Fui com as crianças à Itália para o Mundial de Kart, e um deles me falou. Pai, você acha que respeitam mais você aqui do que no Brasil? Ele, como criança, teve essa impressão. A juventude fará com que essa cultura brasileira seja modificada, concluiu o piloto, atualmente na Stock Car foi campeão da categoria em 2014.