Livros são portas de entrada para o mundo do conhecimento e da imaginação. E para mergulhar nessa viagem, não há limite de idade. Aliás, quanto mais cedo os pequenos são apresentados à literatura, mais habilidades eles irão desenvolver e isso inclui os bebês menores de um ano. Para que essa empatia com o leitor-mirim seja imediata, a fórmula é simples: boas histórias e ilustrações cativantes.
Para a escritora Isa Colli, os benefícios dos livros ilustrados na vida das crianças são inúmeros, contribuindo na educação infantil.
“Apresentar o universo dos livros ilustrados à garotada já na primeira infância favorece o processo de aprendizagem, uma vez que estimula a criatividade, a memória, a inteligência, a escuta e a interação com o mundo”, acredita a autora da Colli Books Editora, que já tem mais de 40 títulos infantojuvenis lançados.
Ainda que suas publicações estejam disponíveis também em versões eletrônicas, Isa Colli confessa que é uma eterna apaixonada pelo livro de papel. “Mesmo que as crianças estejam imersas em um mundo cada vez mais tecnológico, o livro não saiu de moda e espero que nunca saia. Afinal, não há nada mais satisfatório do que manusear as folhas de uma obra literária”, garante.
Isa acrescenta que o livro ilustrado estimula a criança a ser observadora e a interagir com as informações que são passadas… é um universo a ser explorado.
A ilustradora Rosy Albuquerque, que ilustrou “Maria Clara, a musicista albina“, escrito por Isa Colli, também é uma defensora do livro físico porque ele permite que a criança interaja, toque nas páginas, observe os personagens… “Ela vai olhar a página e vai ter o tempo dela para entender o que está acontecendo ali e para focar em uma imagem, depois em outra… ela vai desenvolver o sentido visual e a percepção tátil. Então eu acho que, apesar de parecer uma ferramenta passiva, o livro é uma ferramenta ativa de aprendizado”, opina.
Rosy lembra que o desenho está presente na vida da criança desde sempre. “Não é curioso que o desenhar faz parte deste aprender a existir? Uma criança antes de falar qualquer palavra, se você der um giz, ela vai sair desenhando. Isso é quase que instintivo e ancestral. O homem sempre teve essa necessidade de riscar, rabiscar, registrar… Então eu acho interessante porque o desenho vai se comunicar muito naturalmente com a criança porque já é uma ferramenta de expressão que ela tem”, afirma a ilustradora.
Para Rosy, o leitor é a terceira interferência em um livro: “O escritor cria o texto; o ilustrador, quando faz a sua parte, adiciona detalhes que não estão no texto; e a criança vai completar a história com seu potencial imaginativo”.
André Cirino, ilustrador do livro “Ubuntu, Ubun… ele, Ubun… nós!“, de Daniel Balaban, diz que tenta ser cuidadoso na criação dos personagens, dos cenários e das situações e no diálogo das imagens com o texto, pois o leitor em idade escolar precisa de informações claras que possam ajudá-lo na compreensão das histórias e das ilustrações para enriquecer seu universo imaginário.
“As ilustrações têm um papel fundamental na construção de referências e no estímulo ao processo criativo do leitor, ajudando-o a criar suas próprias histórias com o apoio das imagens.
André reforça: “quando o leitor se interessa por um livro, ele é estimulado a aprender mais, seja com as imagens, seja com a história escrita. Todo esse encantamento é um processo que tende a criar no leitor o amor pela leitura”.
Isabella Barbosa, ilustradora do livro Ahmed foge da guerra, diz que até chegar ao olhar do público, a criação percorre um caminho interessante: “o processo de ilustração varia para cada profissional. No meu caso, enquanto leio o texto, já começo a formar uma ideia inicial na mente. Após discutir com o autor e a equipe editorial, e entender a faixa etária do público e as expectativas de todos os envolvidos, começo a esboçar as bases das ilustrações. Além disso, até as cores são cuidadosamente planejadas para que a proposta final seja coerente, impactante e bonita”.
A profissional opina que a ilustração desempenha um papel fundamental na educação infantil, pois facilita a compreensão de conceitos complexos e estimula a criatividade dos alunos. “Como mãe, consigo ver nitidamente o impacto das ilustrações na leitura dos meus filhos e o quanto a leitura se torna mais atraente, incentivando o imaginário das crianças”, completa.