A nova resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) para o uso de bicicletas elétricas e ciclomotores entrou em vigor na semana passada em todo o Brasil. A medida define regras de trânsito em vias públicas e separa os veículos individuais em grupos conforme a velocidade que atingem e as características do equipamento. A mobilidade urbana tem sido impactada nos últimos anos pelo aumento da conscientização sobre os benefícios sociais, econômicos e ambientais de escolhas mais sustentáveis para locomoção. Cada vez mais habitantes buscam alternativas limpas, que além de serem mais baratas e práticas, contribuem para a defesa do meio ambiente.
Uma das opções de transporte limpo que se destaca, no Brasil e no mundo todo, é a bicicleta elétrica, que além dos benefícios sustentáveis, estimula a atividade física e proporciona benefícios à saúde. A nova regulamentação estabelece que as bikes elétricas com velocidade máxima de 32 km/h podem circular em áreas de circulação de pedestres com velocidade limitada a 6 km/h, e em ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas, conforme a velocidade estabelecida pelas autoridades do local. Nas vias de circulação de carros, esses veículos seguem as mesmas regras para a circulação de bicicletas, previstas no Código de Trânsito Brasileiro.
A Share Student Living, empresa de residenciais para estudantes de todas as idades com quatro unidades em São Paulo (SP) e uma em Lajeado (RS), tem como premissa facilitar a integração do universitário à cidade, ao oferecer uma opção de moradia próxima às principais faculdades e centros comerciais. ”Há mais de 4 anos, a companhia é a única do setor imobiliário que possui parceria com a E-moving, e oferece aos moradores até 3 horas de uso gratuito diariamente. A procura pelas e-bikes nas 4 unidades de nossos residenciais estudantis só aumentou desde então. Hoje temos 8 bicicletas compartilhadas da E-Moving – duas em cada unidade- cuja utilização cresceu 30% desde 2018”, afirma Ewerton Camarano, COO da Share Student Living.
“Cada vez mais pessoas, profissionais ou estudantes, estão optando por se locomover por São Paulo e outras capitais e cidades brasileiras em e-bikes, por serem um modal mais vantajoso para quem precisa pedalar curtas ou médias distâncias até o trabalho ou faculdade, ou chegar mais rápido aos compromissos da vida urbana. É um mercado em franca expansão, e o número de bicicletas nas ruas continuará aumentando”, avalia Gabriel Arcon, CEO da startup de soluções em mobilidade urbana E-Moving.
Segundo a Aliança Bike, em 2022 já havia 9,64% de bicicletas elétricas a mais que no ano anterior, alcançando 44.833 unidades e movimentando R$ 304,9 milhões em vendas. A previsão para 2023 é de crescimento entre 19% (cenário orgânico) e 27% (cenário otimista). “Desde 2015, a E-moving já oferece o produto e serviço completo, com manutenção e proteção contra roubo, por meio de uma assinatura que pode ser feita por pessoas físicas ou empresas que queiram beneficiar seus colaboradores”, acrescenta o executivo.
Essa facilidade tem mudado a vida de estudantes que vêm morar em São Paulo para estudar. Na Unidade do Butantã da Share Student Living, um dos moradores que mais utiliza a bicicleta elétrica de e-moving é o italiano Christian Abd El Nour, de 22 anos, que está em São Paulo apenas durante este semestre para cursar Administração na Faap, como parte de um Programa de Intercâmbio da Universidade onde estuda, em Milão. “Eu uso a bike elétrica todos os dias para ir e voltar da faculdade, assim como para fazer programas culturais. Em Milão, não consigo andar tanto de bicicleta, porque não temos tantas ciclovias como aqui, além de o trânsito ser um pouco pior”, explica o estudante. O mineiro Marcos Teixeira, de 24 anos, que faz Engenharia de Produção na USP, confirma que a bicicleta elétrica traz muita praticidade e que a usa quase todos os dias para ir à faculdade ou à academia: “Fez uma diferença enorme no meu dia a dia”.
De acordo com Arcon, a E-Moving vem ampliando cada vez mais sua oferta de produtos e serviços, e cresceu 6 vezes nos últimos três anos: em 2019, eram 4 clientes corporativos, já em 2022, 27, um aumento de mais de 500%. Com isso, a startup conquista cada vez mais clientes, como os estudantes da Share Student Living, que contam com esse tipo de serviço para se locomoverem com mais praticidade, economia e sustentabilidade pelas ruas.
Jovens optam por estilo de vida “compartilhado”
A procura crescente pelas e-bikes nas residências estudantis indica mudança de comportamento dos jovens de São Paulo, que se reflete também nessa mesma parcela da população de outras capitais e cidades brasileiras. “Os estudantes que vivem em nossos residenciais buscam, acima de tudo, praticidade, conforto, e melhor custo benefício, por isso são abertos à ideia de compartilhar não apenas a moradia como também o transporte, por meio das e-bikes que disponibilizamos. Isso é tendência no país e no mundo, fruto da mudança na relação de consumo, que se desenvolve muito hoje no formato de serviços em alternativa à aquisição de bens, como vemos com softwares, mobilidade veicular urbana, casas de veraneio, utensílios domésticos e eletroportáteis, e claro, bicicletas e a moradia” acrescenta o executivo da Share Student Living.
Além disso, pesquisa recente da Opinion Box indica mudança na forma como as pessoas em geral se relacionam com o deslocamento individual depois da pandemia: 31% dos entrevistados declararam que o uso do carro diminuiu ou diminuiu muito. Para esses, a redução do uso se deve principalmente ao aumento dos gastos com combustíveis (48%), mas também às jornadas em home office (26%) e ao trabalho de forma híbrida (22%).
“Está mais caro andar de carro, e cada vez mais existe uma conscientização sobre os pontos negativos desse tipo de transporte convencional, e das possibilidades que existem para se locomover de forma mais prática, rápida e barata, e sem emitir carbono na atmosfera, deixando de causar danos ao meio ambiente”, comenta o CEO da E-Moving.
“Novo normal” impacta na arquitetura dos residenciais
A mudança de comportamento em relação à mobilidade tem sido tanta, que até os projetos de engenharia da Share Student Living mudaram: apesar de todos os prédios terem bicicletários, nem todos possuem estacionamento. “Nossos primeiros empreendimentos contavam com estacionamentos, mas devido ao baixo uso dos espaços pelos residentes, entendemos que faria muito mais sentido termos bicicletários maiores e oferecermos menos vagas para carros, afinal com as localizações realmente privilegiadas de nossos empreendimentos, sempre ao lado de importantes eixos de transporte público e vias de acesso e ciclovias, além de um contexto favorável com o advento dos aplicativos de transportes e a maior conscientização da nova geração sobre o meio ambiente, os carros ficaram de lado no dia a dia dos nossos clientes”, acrescenta Camarano.
A malha cicloviária de São Paulo é a maior do país. Até o ano passado, eram 699,2 quilômetros de extensão e a atual prefeitura promete expandir mais 1.000 km até 2024. E essa necessidade é comprovada pelos contadores mantidos pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Dois desses contadores, localizados na movimentada avenida Faria Lima, na zona sul, e na rua Vergueiro, no centro, registraram a passagem de impressionantes 271.957 bicicletas entre janeiro e fevereiro deste ano, o que representa um aumento de 14% em comparação ao mesmo período de 2022.