Oncologista Maria Cristina Figueroa Magalhães comenta que quando a pele é exposta ao sol sem proteção, especialmente por períodos prolongados, os danos se acumulam ao longo do tempo, aumentando as chances de desenvolvimento da doença
Dados do Ministério da Saúde mostram que o câncer de pele corresponde a 33% de todos os diagnósticos da doença no Brasil. De acordo com a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 221 mil novos casos de câncer de pele são esperados em 2025. A oncologista Maria Cristina Figueroa Magalhães (CRM-PR 22.643 e RQE 19.751) explica que o câncer de pele não melanoma é o mais diagnosticado em todo mundo e inclui dois tipos principais: o carcinoma basocelular e o espinocelular.
A médica ressalta que esses cânceres geralmente se desenvolvem nas camadas mais superficiais da pele e, embora possam ser agressivos se não tratados, têm a taxa de cura muito alta quando diagnosticados precocemente. O carcinoma basocelular é o mais comum dos dois e cresce lentamente. Em geral, não se espalha para outras partes do corpo. Há quatro anos, a jornalista e atriz Marília Gabriela foi diagnosticada com esse tipo de tumor na narina esquerda e precisou passar por cirurgia.
Já o melanoma é raro e grave. Ele tem origem nos melanócitos — células responsáveis pela produção de melanina, o pigmento que dá cor à pele. O melanoma pode se espalhar (metastatizar) para outras partes do corpo, tornando-o mais perigoso. No ano passado, a influenciadora digital Bárbara Evans compartilhou em suas redes sociais que foi diagnosticada com esse tipo de câncer.
Maria Cristina esclarece que o melanoma é mais comum em pessoas com pele clara, olhos claros e cabelos ruivos ou loiros. Isso se deve a uma combinação de fatores genéticos e comportamentais, incluindo a maior exposição ao sol em idades mais jovens, além de práticas estéticas como o uso de câmaras de bronzeamento artificial. “Mulheres jovens também podem ser mais propensas a desenvolver câncer de pele devido à maior frequência de queimaduras solares, especialmente na adolescência e no início da fase adulta”, aponta.
Exposição solar
A médica chama a atenção que a exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV) do sol danifica o DNA das células da pele. Essas mutações genéticas podem levar ao desenvolvimento de células cancerígenas. O sol emite dois tipos principais de radiação UV que afetam a pele:
UVB: principal responsável pelas queimaduras solares e danos diretos ao DNA, promovendo mutações que podem causar câncer de pele.
UVA: penetra mais profundamente na pele, danificando as fibras de colágeno e aumentando o risco de envelhecimento precoce e câncer de pele em longo prazo.
Histórico familiar: pessoas com familiares próximos que tiveram câncer de pele têm maior risco de desenvolver a doença.
Tipo de pele: pessoas com pele clara, sardas, cabelos loiros ou vermelhos e olhos claros têm mais chances de sofrer danos solares e desenvolver câncer de pele.
Idade e sexo: o risco aumenta com a idade, especialmente para aqueles com mais de 50 anos. Além disso, o melanoma, quando acomete as mulheres, tende a ocorrer nas mais jovens.
Presença de muitas pintas ou manchas na pele: várias pintas ou uma pinta atípica (nevo displásico) aumenta o risco de melanoma.
Imunossupressão: pessoas com sistema imunológico comprometido (como transplantados de órgãos ou pessoas com HIV/AIDS) têm maior risco de desenvolver câncer de pele.
Pinta
A oncologista reforça que uma pinta pode ser indicativa de câncer de pele se apresentar as seguintes características, conhecidas como o critério ABCDE (veja a imagem):
A (Assimetria): a pinta tem um formato irregular e assimétrico.
B (Bordas irregulares): as bordas da pinta são irregulares, com recortes ou dentes.
C (Cor): a cor da pinta é desigual, com diferentes tonalidades de marrom, preto, vermelho ou até mesmo branco.
D (Diâmetro): a pinta tem mais de 6 mm de diâmetro (aproximadamente o tamanho de uma borracha de lápis), embora melanomas menores também possam ocorrer.
E (Evolução): a pinta está mudando de tamanho, forma ou cor ao longo do tempo. “Se você notar qualquer alteração nas pintas ou no surgimento de uma nova mancha, ou pinta na pele, é importante consultar um dermatologista para avaliação”, orienta.
Crédito: Melanoma Brasil
Prevenção
Filtro solar: usar o protetor solar de amplo espectro (UVA/UVB) com fator de proteção solar (FPS) de 30 ou mais, reaplicando a cada 2 horas e após nadar ou suar.
Evitar exposição solar intensa: entre 10h e 16h, quando a radiação UV está mais forte.
Uso de roupas de proteção: chapéus de abas largas, óculos de sol e roupas com proteção UV podem ajudar a proteger a pele.
Sombra: sempre procurar sombra, especialmente durante as horas de pico do sol.
Exames regulares de pele: realizar autoexames periódicos para monitorar mudanças na pele e consultar um dermatologista para exames profissionais anuais.
Filtro solar
Conforme a especialista, para escolher um bom filtro solar, considere os seguintes fatores:
FPS (Fator de Proteção Solar): o FPS deve ser de 30 ou mais para proteção diária. Para exposições prolongadas ao sol, um FPS de 50 ou mais pode ser recomendado.
Proteção de amplo espectro: o filtro solar deve proteger tanto contra os raios UVA quanto UVB, para garantir proteção completa.
Água e suor: se você vai nadar ou praticar atividades físicas, escolha um protetor solar resistente à água.
Tipo de pele: escolha um protetor solar adequado para seu tipo de pele. Por exemplo, para peles oleosas, prefira versões oil-free (livre de óleo), e para peles secas, escolha protetores com propriedades hidratantes.
Dra. Maria Cristina – Foto divulgação
Tomar sol com prudência
Segundo a oncologista, embora as campanhas de conscientização sobre os riscos da exposição solar tenham aumentado, muitas pessoas ainda não sabem como tomar sol com prudência, principalmente os jovens, que continuam se expondo ao sol sem a devida proteção, buscando um bronzeado intenso. “Isso pode ser devido à falta de informação, à pressão estética para ter uma pele bronzeada e à percepção errônea de que um bronzeado saudável é inofensivo. Portanto, ainda é fundamental continuar educando sobre a importância da proteção solar, do uso adequado de filtro solar e da moderação na exposição ao sol”, finaliza.