Especialista conta que as palpitações são sintomas, e as pessoas descrevem-nas de várias formas, como coração acelerado, tremulante, batimentos irregulares, pulos no peito ou pulsação forte
Foto divulgação
Segundo o cardiologista Bruno Gustavo Chagas (CRM-RO 4359 e RQE 1140), as palpitações são percepções anormais dos batimentos do coração que podem ocorrer em diferentes situações. Elas podem ser sentidas no peito, garganta ou pescoço, durando desde poucos segundos até várias horas. Embora as palpitações estejam associadas a uma baixa taxa de mortalidade, é uma sensação desagradável de batimentos cardíacos rápidos, irregulares e/ou fortes.
O médico comenta que a palpitação pode ser descrita de várias maneiras, mas, geralmente, os indivíduos relatam as seguintes sensações:
Batidas aceleradas: é como se o coração estivesse correndo uma maratona, mesmo quando você está parado.
Batidas fortes: cada pulsação parece um tambor batendo no peito, o que pode ser desconfortável ou até assustador.
Batidas irregulares: o coração parece “pular” ou “perder” batidas, criando um ritmo descompassado.
Vibração ou tremor: algumas pessoas descrevem uma sensação de vibração, como se o coração estivesse tremendo no peito.
Sensação no peito, garganta ou pescoço: as palpitações podem ser sentidas em diferentes partes do corpo, não apenas no coração.
Causas
De acordo com o cardiologista, as causas cardíacas são frequentemente as mais preocupantes, incluindo arritmias — alterações no ritmo normal do coração como taquicardia sinusal, fibrilação atrial, contrações/extrassístoles ventriculares prematuras e taquicardia ventricular —. “Em pacientes com histórico de arritmias ventriculares ou doenças cardíacas conhecidas, as palpitações podem indicar um risco aumentado de morte súbita cardíaca”, salienta.
Além disso, problemas cardíacos não arrítmicos, como prolapso da válvula mitral, lesões da válvula aórtica, pericardite e insuficiência cardíaca, também podem causar palpitações.
Condições médicas
Distúrbios endócrinos e metabólicos: são causas não cardíacas comuns de palpitações, como anemia — falta de glóbulos vermelhos pode levar o coração a trabalhar mais para fornecer oxigênio aos tecidos.
Distúrbios da tireoide: tanto o hipertireoidismo (excesso de hormônio da tireoide) quanto o hipotireoidismo (falta desse hormônio) podem afetar a frequência cardíaca.
Hipoglicemia: se a glicose baixa menos que 60 mg/dl no sangue, há uma descarga de adrenalina que acelera o coração e aumenta a pressão arterial.
Mudanças hormonais: durante a gravidez, menopausa ou ciclo menstrual, as flutuações hormonais podem afetar a frequência cardíaca e causar palpitações.
Cafeína: presente em café, chá, refrigerantes e energéticos, a cafeína pode acelerar o coração.
Nicotina: o tabagismo pode provocar batimentos cardíacos irregulares.
Álcool e drogas: o consumo excessivo de álcool ou de substâncias estimulantes pode causar palpitações.
Medicamentos: descongestionantes, anfetaminas, alguns antidepressivos e os utilizados para tratar asma ou hipertensão, podem ter efeitos colaterais que incluem palpitações.
Atividades físicas: os exercícios intensos aumentam naturalmente a frequência cardíaca, o que pode ser sentido como palpitações, se você não está acostumado. No entanto, se as palpitações ocorrem durante o exercício ou se intensificam com a atividade física, elas devem ser consideradas patológicas (ofensivas) até que se prove o contrário, principalmente em atletas, e requerem uma avaliação abrangente.
Estresse e ansiedade: emoções intensas, como estresse, medo ou ansiedade, podem desencadear a liberação de hormônios como a adrenalina, que aumentam a frequência cardíaca. Esses hormônios preparam o corpo para a ‘luta ou fuga’, muitas vezes resultando em palpitações. “Em mulheres de meia-idade, as palpitações são frequentemente associadas a sintomas vasomotores e ansiedade, durante a menopausa. Isso sugere que, além das causas fisiológicas, fatores psicossomáticos desempenham um papel significativo nas palpitações experimentadas por elas”, aponta.
Palpitação perigosa
Bruno lembra que, embora as palpitações sejam frequentemente inofensivas, há momentos em que podem sinalizar problemas de saúde subjacentes que necessitam de atenção médica. “Palpitações são consideradas perigosas quando estão associadas a sintomas que sugerem uma condição cardíaca subjacente grave”, alerta.
Conforme a literatura médica, as palpitações podem ser mais preocupantes se acompanhadas de alguns sinais e sintomas, como:
Palpitações frequentes ou prolongadas: se você sentir palpitações regularmente ou se elas durarem mais do que alguns minutos, é importante prestar atenção. A frequência e a duração podem indicar um problema cardíaco subjacente.
Dor no peito: qualquer dor ou desconforto no peito que acompanha palpitações deve ser avaliado imediatamente, pois pode ser um sinal de arritmia ou infarto.
Falta de ar: dificuldade para respirar com palpitações pode indicar um problema cardíaco ou pulmonar.
Tontura ou desmaio: sensação de desmaio ou realmente desmaiar pode ser um sinal de que o coração não está bombeando sangue adequadamente.
Suor excessivo: sudorese inexplicada e intensa pode ser um sinal para prestar atenção.
Histórico familiar: se você tem uma história familiar de doenças cardíacas graves, é importante levar as palpitações a sério e consultar um médico para avaliação.
Condições médicas preexistentes: pessoas com insuficiência cardíaca, hipertensão ou doenças da tireoide devem estar mais atentas às palpitações.
Dr. Bruno Gustavo Chagas – Foto divulgação
Diferença entre taquicardia e palpitação
Como ressalta o especialista, por mais que os termos se refiram a experiências relacionadas ao ritmo cardíaco, taquicardia e palpitação não são sinônimos e têm significados distintos. Ele explica que a diferença reside na definição e na percepção clínica de cada termo. A taquicardia se refere a uma frequência cardíaca elevada, geralmente definida como superior a 100 batimentos por minuto em adultos. Pode ser causada por uma variedade de condições, incluindo arritmias cardíacas, como taquicardia supraventricular ou ventricular, e condições não cardíacas, como febre, anemia ou hipertireoidismo.
Por outro lado, palpitações são uma sensação subjetiva descrita pelos pacientes como uma percepção de batimentos cardíacos rápidos, irregulares ou fortes. As palpitações podem ser causadas por taquicardia, mas também podem ocorrer em ritmos cardíacos normais ou em resposta a fatores como ansiedade, estresse, consumo de cafeína ou uso de certos medicamentos. “É importante notar que nem todos os pacientes com taquicardia relatam palpitações, e nem todas as palpitações são indicativas de taquicardia”, observa.
Diagnóstico
Palpitação: é avaliada com base na descrição do paciente e pode não indicar necessariamente um problema cardíaco.
Taquicardia: é diagnosticada por medições objetivas da frequência cardíaca, como um eletrocardiograma (ECG).
O que fazer em caso de palpitações perigosas?
O cardiologista reforça que o indivíduo deve procurar assistência profissional imediatamente se houver qualquer um dos sintomas acima. Ademais, a realização de avaliações médicas como eletrocardiograma (ECG) ou ecocardiograma podem ser necessários para avaliar a saúde do coração. “Mantenha um registro das palpitações, incluindo quando ocorrem, sua duração, e quaisquer sintomas associados. Isso pode ajudar seu médico a diagnosticar a causa”, finaliza.