Compreenda os impactos que o álcool traz ao organismo

O consumo excessivo está vinculado ao aumento do risco de vários tipos de cânceres, como os de fígado, esôfago, boca e mama

Foto divulgação

A médica Cíntia Machado (CRM-RS 45.813) esclarece que o álcool tem um impacto direto no sistema nervoso central, afetando várias áreas do cérebro. Ao ser consumido, ele interfere na comunicação entre os neurônios, afetando neurotransmissores como o Gaba (ácido gama-aminobutírico) e o glutamato. O Gaba tem um efeito inibitório, pois reduz a atividade neuronal, criando uma sensação de relaxamento e desinibição.

Por outro lado, a especialista comenta que o álcool diminui a liberação de glutamato, que normalmente seria excitante para o cérebro, levando a um efeito sedativo e depressivo no sistema nervoso central. “Além disso, o álcool aumenta a liberação de dopamina, um neurotransmissor relacionado ao prazer e a recompensa, podendo gerar sensações de euforia e prazer temporários. Com o tempo e o consumo excessivo, o cérebro pode se tornar dependente dessa liberação de dopamina, contribuindo para o comportamento vicioso”, aponta.

Segundo a médica, o consumo de álcool afeta o organismo de diversas maneiras, tanto a curto quanto a longo prazo, podendo causar desidratação, náusea, dor de cabeça e dificuldades motoras. O álcool altera a função cognitiva, prejudicando a coordenação, a memória e o julgamento, aumentando o risco de acidentes.

Dra. Cintia Machado – Foto divulgação

Como explica a especialista, em níveis mais elevados e crônicos, o álcool pode causar danos significativos ao fígado, incluindo a esteatose hepática (fígado gorduroso), hepatite alcoólica e cirrose. Ele também é um fator de risco para doenças cardiovasculares, como hipertensão, arritmias e cardiomiopatias. “O álcool está associado a problemas no sistema nervoso, como neuropatia e distúrbios psiquiátricos, incluindo depressão e ansiedade”, comenta.

Benefícios ao parar de consumir álcool

Cíntia reforça que ao parar de consumir álcool, o organismo começa a experimentar uma série de benefícios. Nos primeiros dias, pode ocorrer uma melhora significativa no sono, redução da ansiedade e recuperação da hidratação. Com o tempo, o fígado tem a oportunidade de se regenerar, diminuindo a inflamação e a gordura acumulada. A pressão arterial tende a normalizar e o risco de doenças cardíacas pode diminuir.

O sistema imunológico se fortalece, a saúde mental melhora (diminuição de sintomas de depressão e ansiedade), e o risco de desenvolver câncer relacionado ao álcool é reduzido. A especialista observa que deixar de consumi-lo pode melhorar a digestão, a qualidade da pele e o peso corporal, já que o álcool é calórico e interfere no metabolismo.

Moderar ou abandonar definitivamente o álcool

Conforme a médica, essa é uma questão complexa e depende muito do histórico individual, além das preferências e objetivos de saúde. Como ela ressalta, para aqueles que têm um consumo moderado de álcool, sem prejuízos para a saúde, pode ser viável mantê-lo de modo equilibrado. No entanto, Cíntia enfatiza que mesmo um consumo moderado pode ser problemático para algumas pessoas, especialmente àquelas com predisposição genética para a dependência ou que já apresentaram comportamentos viciantes.

Indivíduos com dificuldades em controlar o consumo ou que já experimentaram consequências negativas, a melhor abordagem pode ser a abstinência total. “É sempre importante que cada pessoa reflita sobre os impactos do álcool em sua vida e, quando necessário, busque ajuda profissional para tomar decisões informadas sobre o consumo”, finaliza.

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