Prédios de cinco andares no máximo e outras construções erguidas com cimento de baixo carbono (fabricado com técnicas que reduzem a emissão equivalente no processo de produção) e 90% de alumínio reciclável, com consumo de água e energia 40% menor que nas edificações comuns. É essa paisagem que atraiu os participantes da COP28, em Dubai, à Masdar, megaprojeto imobiliário erguido no emirado vizinho de Abu Dhabi, voltado para empresas de alta tecnologia, geração de energia alternativa e até smart techs focadas em agricultura. A visita técnica da qual a delegação da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) participou foi um dos pontos altos da programação oficial do evento.
Abastecida por usinas solares e eólicas, Masdar é avançada também em tratamento de esgotos e resíduos. Além disso, possui um plano diretor que certifica as construções dotadas das melhores soluções ambientais. Um conceito que impressionou a delegação brasileira. “É muito interessante ver como funciona uma cidade sustentável que alia tecnologia, como o uso de energia solar, com uma arquitetura voltada para as pessoas, para a experiência humana”, avalia o subsecretário Jônatas Trindade.
Ainda em construção e com a sustentabilidade presente em cada ponto de seu plano diretor, Masdar propõe uma experiência que integra trabalho, lazer, meio ambiente e bem-estar de forma intensiva. Há painéis fotovoltaicos em todos os pontos possíveis, o que permite uma geração verde de 11 megawatts. Todos os espaços são pensados para a otimização do conforto térmico, para maximizar a eficiência da utilização de água e energia e minimizar os descartes, com menor geração de resíduos. O centro de Masdar foi construído sobre um platô sete metros mais alto que o restante da cidade de Abu Dhabi para melhor aproveitamento do vento constante do deserto. A característica, combinada à geografia urbana com ruas estreitas, faz com que a temperatura na cidade sustentável seja em média 10ºC menor.
O que a experiência na cidade sustentável de Masdar pode ensinar a SP?
A cidade sustentável reúne diversos os aspectos relacionados à sustentabilidade, desde o aproveitamento da iluminação natural nos prédios, por meio da otimização do posicionamento, até o uso de energia renovável para suprimento de energia elétrica, com o uso de energia solar fotovoltaica, por exemplo. Segundo a subsecretária de Energia e Mineração, Marisa Barros, a partir dessa experiência será possível levar para São Paulo um pouco mais dessa visão integrada da utilização de energia de baixo carbono. “A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística tem o meio ambiente como primeiro elemento, mas transversal a todas as áreas, incluindo a energia. Então, olhando para o nosso Plano de Ação Climática, em que a energia é um dos principais eixos, acredito que tudo que se aplica na cidade sustentável, pode se transpor para o nosso Estado”.
O aproveitamento das inúmeras soluções, combinando alta tecnologia com sustentabilidade, foi considerado possível, inclusive em mobilidade, com transporte coletivo feito por veículos elétricos autônomos. “Essa visita mostra que o Estado de São Paulo está no caminho certo nas suas políticas públicas, programas e instrumentos para alcançar as emissões líquidas de carbono zero, em 2050”, conclui Marisa.