Cracolândia é tema de debate na Assembleia Legislativa

Evento promovido pela deputada Beth Sahão reunirá especialistas da saúde mental e do direito e representantes dos movimentos pela saúde pública e direitos humanos

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo receberá nesta quarta-feira, 21, o debate “Precisamos Falar Sobre a Cracolândia”. O evento é uma iniciativa da deputada Beth Sahão (PT) e será realizado no Plenário Tiradentes, a partir das 11h.

O debate contará com a participação de especialistas do direito e da área de saúde mental, que abordarão a problemática da Cracolândia – incluindo questões como dependência química e vulnerabilidade social – a partir de um olhar humanizado. Representantes de entidades e movimentos pelos direitos humanos e pela saúde pública também farão parte da discussão.

A abordagem proposta nesse evento destoa do modo como o prefeito de São Paulo, João Doria Junior, e o governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, têm lidado com a questão, tentando tratar a Cracolândia como um caso de polícia, com ações de desocupação marcadas pelo uso de violência extrema contra moradores e frequentadores.

Em 23 de maio, os abusos tiveram seu ápice, com Doria mandando derrubar um prédio no bairro da Luz, no qual havia pessoas. Pelo menos três delas ficaram feridas. Beth esteve no local, acompanhando o desenrolar do episódio, e classificou a operação de ilegal, lembrando que nem prefeitura nem governo do Estado haviam tomado as medidas sociais necessárias para acolher os usuários e frequentadores da Cracolândia.

“Tratar a Cracolândia como caso de polícia é uma postura típica de governantes com mentalidade atrasada, da República Velha. A prova de que essa abordagem é equivocada é que, no dia seguinte à desocupação promovida pela prefeitura e o governo, já havia inúmeros pontos com usuários de crack espalhados pela cidade”, afirma Beth.

Ela também critica a violência utilizada contra usuários, frequentadores e moradores da região da Cracolândia. “O modo como os governos municipal e estadual agiram deixa claro que eles desprezam o ser humano. A Cracolândia precisa ser compreendida como uma questão social e de saúde pública. Só com uma abordagem humanizada e que respeite a dignidade de cada indivíduo conseguiremos avançar nessa questão”, diz a deputada.

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