Era uma noite quente de Réveillon em Alphaville, e os Andrade haviam planejado algo único: uma serenata para celebrar o ano novo, com amigos e família ao redor, em um clima de romance e carinho. A ideia era simples, mas cheia de significado: homenagear a amizade e o amor que os conectavam. Tudo estava organizado: velas no jardim, decoração na mesa de réveillon, tudo pra impressionar os convidados.
A expectativa era grande, mas os Andrade não imaginavam o que estava por vir. O grupo de amigos, todos ex-colegas de faculdade de medicina, havia chegado cedo, e já estava claramente embalado pela emoção de se reunir novamente. Eram amigos que se formaram em medicina e até hoje se reúnem para festejar juntos, embora a idade já se fizesse sentir em alguns deles, a energia era a mesma de quando eram jovens estudantes. As risadas e as conversas se misturavam ao som das garrafas de champanhe sendo abertas, e o entusiasmo parecia crescer a cada minuto.
Quando a serenata começou, era para ser um momento contemplativo, com músicas suaves que falassem de amor e amizade. Mas, como não poderia deixar de ser, o grupo de médicos não estava preparado para a suavidade da noite. A euforia tomou conta deles, e logo se formou uma espécie de “orquestra de vozes descompassadas”.
Adalberto, o mais irreverente do grupo, ergueu a taça e gritou: “Vamos brindar à vida!” E assim, a serenata virou um improviso. Entre uma música e outra, os amigos começaram a cantar as músicas que haviam embalado suas juventudes, do rock dos anos 70 ao samba dos anos 80, enquanto o resto da turma tentava acompanhar e seguir o embalo dos mais eufóricos.
“Não era bem assim que imaginamos a serenata,” pensou Dona Silvia, esposa de seu Martins, o contratante. A música ficou mais alta, mais alegre, e logo até os mais calmos da turma se levantaram para dançar. Ali, naquela confusão de risadas, brindes e versos trocados, ela encontrou a essência do que significava celebrar o amor e a amizade. A serenata, de alguma forma, já tinha sido feita.
E assim, a noite seguiu. Não houve serenata formal, mas o que se viu foi um tributo sincero à amizade, uma celebração do que é realmente importante: estar junto das pessoas que amamos, sem esperar nada além da companhia e da diversão. O Réveillon acabou se tornando a maior homenagem que poderiam oferecer uns aos outros: a certeza de que, mesmo com os imprevistos, o que importava era estarem juntos, celebrando a vida, o amor e, claro, a amizade que resistiu ao tempo. Fredi improvisou ate os comerciais antigos da época que acabou incendiando as memórias afetivas da galera.
E foi durante o comercial das duchas corona que Fredi Jon, observando o clima crescente de euforia, teve um pressentimento. A turma estava em um nível de empolgação que poderia levar a consequências imprevisíveis. Quando viu Adalberto, sugerindo jogar os músicos na piscina, Fredi percebeu que talvez fosse hora de encerrar a serenata antes que a situação escapasse de controle, pediu um brinde aos 50 anos e saíram de fininho.
E assim os músicos deixaram para trás uma festa cheia de alegria, risadas e um toque de caos. Eles sabiam que, por mais que a noite tivesse sido diferente do planejado, o importante era que todos tinham celebrado aquele momento. O Réveillon acabou se tornando a maior homenagem que poderiam oferecer uns aos outros: a certeza de que, mesmo com os imprevistos, o que importava era estarem juntos, celebrando a vida, o amor e, claro, a amizade que resistiu ao tempo.