Por Fredi Jon
O Brasil celebra, neste 1º de maio, o Dia da Literatura Brasileira — uma data que vai além da lembrança dos livros e autores clássicos. A ocasião convida à reflexão sobre o papel da palavra escrita e falada na construção da identidade nacional, estendendo-se à poesia, à canção, ao teatro e ao cinema como manifestações literárias vivas e fundamentais.
Instituída em homenagem ao nascimento de José de Alencar, um dos fundadores do romance brasileiro, a data marca também o protagonismo de figuras como Machado de Assis, Carolina Maria de Jesus, Clarice Lispector, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, que expressaram com profundidade as contradições e riquezas do país. Mas a literatura brasileira é vasta e plural — e se manifesta além dos livros.
Poetas como Castro Alves, Cecília Meireles, Manuel Bandeira e Ferreira Gullar trouxeram à tona sentimentos e denúncias que ecoam até hoje. Ao lado deles, dramaturgos como Nelson Rodrigues, com suas tragédias urbanas, e Ariano Suassuna, que uniu teatro e cultura popular nordestina, mostraram que o palco também é página viva da literatura.
No campo da música, a literatura se transforma em melodia. Compositores como Chico Buarque, Minlton Nascimento, Cazuza, Noel Rosa e Cartola escreveram canções que são, ao mesmo tempo, poesia e crônica social. Letras que denunciam, encantam e narram o Brasil profundo com lirismo e crítica.
O cinema também bebe da literatura. Obras adaptadas de livros — como Vidas Secas (Graciliano Ramos), O Auto da Compadecida (Ariano Suassuna) e Cidade de Deus (Paulo Lins) —, além de roteiros originais assinados por nomes como Ruy Guerra, Jorge Furtado e Walter Salles, mostram como o texto literário se renova na linguagem audiovisual, atingindo novos públicos.
Em um país de tantos contrastes e desigualdades, a literatura — em todas as suas formas — segue como espaço de resistência, escuta e reconstrução. Ler um romance, ouvir uma canção de protesto, assistir a uma peça ou filme com densidade literária são atos que estimulam o senso crítico, o afeto e a memória coletiva.
Neste Dia da Literatura Brasileira, o convite é para reconhecer a força das palavras em todas as plataformas. Celebrar não apenas os escritores consagrados, mas também os novos autores, os slams de poesia periférica, os cordelistas, os compositores e roteiristas que fazem da palavra uma ponte entre o Brasil que somos e o que desejamos ser.