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Preso em 10 de maio sob a acusação de sonegação de impostos, Laerte Codonho, dono da Dolly, afirma que foi vítima de conluio. O empresário declarou que seu contador roubou os valores destinados ao pagamento de impostos. “Um camarada que trabalhou 15 anos conosco pegava o cheque para pagar a guia do imposto e depositava na conta dele”, conta. E, segundo ele, uma grande empresa está por trás de todo o caso: a Coca-Cola.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Codonho diz que descobriu que o empregado estaria roubando da empresa.
“Fomos à Justiça e abrimos um processo pedindo a prisão de Rogério Raucci. E, para minha surpresa, fui preso na ação em que eu era o autor. Isso porque a Procuradoria Geral do Estado inventou essa história toda”, declara, indicando que “existe uma especulação” de que o contdor estaria ligado à Coca-Cola. “Quando ele estava preso, o advogado veio propor um acordo. Falei que faríamos desde que o Raucci entregasse com quem estava trabalhando, dissesse quanto recebia da Coca-Cola”, diz.
‘Sacanismo’
O empresário diz que a Procuradoria Geral do Estado contratou uma “empresa de espionagem nos moldes da Kroll”, para realizar investigações. A mesma empresa também trabalharia para a gigante de bebidas. “Como pode o Estado contratar uma empresa de espionagem? A Procuradoria nunca poderia contratar uma empresa que presta serviço para um concorrente meu para me espionar”, questiona.
Codonho contesta também o valor da dívida de sua companhia, avaliada pelo Ministério Público em R$ 4 bilhões, considerado por ele muito maior do que o real. “Na federal, sou credor em R$ 200 milhões, na estadual devo R$ 5 milhões a R$ 10 milhões. E tem o parlamento de R$ 42 milhões, que estou pagando em dia”, conta.
Mas, afinal, por que o valor teria sido aumentado? “A PGE tem interesse. O Ministério Público é um órgão sério. Mas a Procuradoria é formada por advogados que querem receber honorários. Passa a não ser isento. Os honorários são 20%”, indica.
“Eu deveria estar bravo com o Ministério Público nessa história, né? Mas percebo que eles estão manipulados pela Procuradoria. Vamos fazer uma minissérie, que começará com a minha prisão às 6h. Já viu isso? Você denuncia que foi roubado e é preso. A minha história é boa. Não tem o ‘Mecanismo’? Vamos fazer o ‘Sacanismo’”, ironiza.
O empresário ainda aponta que na ocasião em que foi preso, uma procuradora entrou na Dolly segurando uma lata de Coca-Cola. “Estavam brindando. Curioso, né? Comemorando. É preciso perguntar para eles porque entraram às 10h30, de manhã, na empresa Dolly comemorando com Coca-Cola”, acusa.
Incomodando a Coca-Cola
Questionado sobre o motivo para ser alvo de uma das maiores empresas do mundo, Codonho diz que está incomodando a concorrente. “Há três ou quatro anos, elegemos os atacarejos, com redução de custos. Acreditávamos que era o segmento que ia mais crescer e acertamos na mosca. Nos atacarejos, vendemos quatro ou cinco Dolly para cada Coca-Cola. Isso incomoda uma barbaridade”, destaca.
Como fica a Dolly?
Segundo o empresário, a empresa passa por dificuldades, já que não pode vender produtos aos cliente. A companhia, que teria 30% de participação no mercado da grande São Paulo, teve seus bens congelados e não conseguiu pagar o salário de maio de pelo menos 1.500 trabalhadores. Segundo ele, há dinheiro para pagar, mas as contas estão bloqueadas.
O outro lado
Questionada pela publicação, a PGE diz que o empresário só entrou em contato depois da Operação Cone e que mesmo que seja comprovada a fraude do ex-contador, “não altera os débitos tributários da empresa, os quais superam R$ 5 bilhões se consideradas dívidas com a União e os estados de SP e RJ”. A Coca-Cola diz que não tem envolvimento em nenhum dos processos enfrentados por Codonho e a Neoway, empresa citada durante a entrevista, não tem a Coca-Cola como um de seus clientes e que não presta serviços de espionagem.