Empresas, associações e fornecedores do setor de alimentos firmam compromisso por um futuro livre da poluição plástica

O Brasil produz mais de 500 bilhões de itens de plástico descartável por ano que, em sua maioria, não têm reciclabilidade. Na busca por soluções, dez empresas, associações e fornecedores do setor de alimentos assinaram no dia 26 de outubro, o Manifesto por um Futuro Livre da Poluição por Plástico. O compromisso foi firmado durante o Seminário Sustentabilidade à Mesa: alimentando um futuro sem plástico”, realizado pela Oceana, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e o iFood.
 

Assinam o documento as seguintes associações:

· Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) – 1,4 mil empresas, 6 milhões de empregos e R$ 500 bilhões em vendas anuais;

· Associação Brasileira de Produtores de Latas de Alumínio (Abralatas) – 25 fábricas, 17 mil empregos, R$ 18,3 milhões de faturamento;

· Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel) – 1,2 mil empresas, 244 mil empregos e R$ 41 bilhões em receita/ano;

· Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) – 49 empresas, R$ 97 bilhões de faturamento/ano e 3,7 milhões de empregos.


Growpack, Marulho, Meu Copo Eco, Tamoios Tecnologia, Já Fui Mandioca e o iFood são as empresas signatárias do documento. Maior foodtech da América Latina, o iFood conta com 300 mil estabelecimentos cadastrados, com geração de 730 mil empregos e receita anual de R$ 600 milhões.

A poluição plástica está na pauta de discussões de políticas públicas. No palco internacional, o primeiro rascunho do Tratado Global Contra a Poluição Plástica, juridicamente vinculante, está sendo discutido desde segunda-feira (13) na terceira reunião do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC, na sigla em inglês), em Nairóbi, no Quênia. Este debate, promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU), vai até o próximo domingo (19).


Já no cenário nacional, o Projeto de Lei 2524/2022, em análise no Senado Federal, propõe enfrentarmos esse problema com soluções efetivas, através do estabelecimento de medidas de Economia Circular para a produção de itens de plástico no país.


Por meio do Manifesto, as empresas e associações signatárias defendem a transformação do atual modelo de produção e consumo a partir da adoção de uma abordagem circular, na qual produtos e embalagens sejam reintegrados à cadeia produtiva. Além disso, se comprometem a buscar alternativas inovadoras e investir em soluções menos poluentes.


“É urgente e necessário que os setores que funcionam como um elo entre o plástico descartável e o consumidor, como é o caso do setor de alimentação, se comprometam com a redução da poluição por plásticos. Mas precisamos ir além: outros importantes atores do mercado de alimentação e de setores como o de cosméticos e higiene pessoal, por exemplo, precisam também assumir a responsabilidade no cuidado com a natureza e a saúde humana”, pontua o oceanógrafo Ademilson Zamboni, diretor-geral da Oceana.

O estudo Fechando a Torneira: Como o mundo pode acabar com a poluição plástica e criar uma economia circular, do Pnuma, revelou este ano que a poluição plástica pode ser reduzida em 80% até 2040 se os países e as empresas fizerem mudanças profundas nas políticas e no mercado usando as tecnologias existentes. “Esse estudo revela que a transformação da economia do plástico traz inúmeros benefícios socioeconômicos, entre eles, mais de 700 mil empregos adicionais até 2040”, explica o representante do Pnuma no Brasil, Gustau Máñez Gomis. Segundo o relatório, impulsionar o mercado de produtos reutilizáveis em vez de uma economia descartável é a mudança de mercado mais potente e pode reduzir a poluição plástica em 30% até 2040.


Além de políticas públicas que estabeleçam que todo produto ou embalagem produzido no país deve estar apto à reinserção no modelo produtivo, através de sistemas de reuso, reciclagem ou compostagem, o Manifesto também pede soluções a preços acessíveis e remuneração digna para os trabalhadores da reciclagem.

Catadores e catadoras desses materiais devem ser reconhecidos pelo serviço prestado à sociedade, com a sua inclusão no programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA). Todas essas medidas estão em consonância com o PL 2524/2022, que conta com a mobilização pública da campanha Pare o Tsunami de Plástico, já apoiada por 78 organizações da sociedade civil.


O preço de produtos e embalagens alternativas é um dos entraves para o fim da poluição plástica, justamente porque o plástico tem custo menor – já que o seu custo social e ambiental não é contabilizado. O Manifesto aponta que a demanda dos consumidores brasileiros por materiais sustentáveis será mais rapidamente atendida quando as alternativas alcançarem preços competitivos. Para isso, é preciso criar incentivos que favoreçam as escolhas de matérias-primas de fonte renovável, com altos índices de reciclagem e sistemas de reuso e reenvase.


Nesse sentido, Alexandre Lima, gerente de Sustentabilidade do iFood, afirma que “o foodservice é um setor potente da economia brasileira. Estamos comprometidos para que essa força possa também acelerar o processo de redução do plástico nas embalagens e que gere escala para a produção e o uso de embalagens mais sustentáveis, principalmente, no delivery“.

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