Ex-funcionário do McDonald’s dá bela lição a jovens sobre ‘dar certo na vida’

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Nos últimos dias teve enorme repercussão uma discussão gerada após alunos de um colégio particular de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, terem se fantasiado de trabalhadores comuns em um trote com tema “Se nada der certo…”.

Uma das fantasias recorrentes entre alunos era a de funcionário da rede de fast food McDonald’s. E foi de um ex-funcionário do restaurante que veio um dos depoimentos mais marcantes sobre o caso.

Rodrigo da Silva fez postagem na rede social que, até o momento desta matéria, havia sido compartilhada mais de 10 mil vezes. Nela, mostra sua concepção do que é “dar certo” na vida. E deixa uma grande lição. Leia na íntegra o depoimento de Rodrigo:

“Eu trabalhei no McDonald’s, há mais de uma década. Foi meu primeiro emprego.

A tarefa era a mais variada possível. Eu fritava hamburger, batata-frita, atendia as pessoas mais esquisitas da face da terra, preparava alguns sorvetes, lavava banheiro.

Eu tinha 17 anos e quase nada a oferecer para o mundo em troca de alguns centavos por hora. Sempre que eu lembro dessa época, me vêm o monólogo do Louis CK na cabeça. É muito difícil para um garoto dessa idade entender por que raios ele está naquele lugar com cheiro de gordura, ganhando um salário de merda. O grande Louis, felizmente, é capaz de explicar isso tudo com uma finesse muito maior que a minha.

– Sabe por quê? Porque você tem vinte anos. Porque você é um merdinha de vinte anos que não tem ideia de como o mundo funciona. Porque você acha que merece coisa melhor. Porque você se acha interessante demais pra ter um trabalho de merda. Todo moleque de 20 anos que eu encontro atrás de um balcão me olha com aquela cara de “esse trabalho é uma merda”. Eu sei, é por isso que deram ele pra você! Porque você tem vinte anos, então é matematicamente garantido que você não sabe fazer nada e não tem nada pra oferecer pra ninguém no mundo. Você tem vinte anos! Por duas décadas você estava só recebendo e sugando… educação, amor, comida, iPods… Só sugando e julgando… Só escolhendo e absorvendo coisas que você não trabalhou pra ter. Por duas décadas! Três presidentes… isso é quanto tempo você tem sido um peso morto.

E então, bingo, o McDonald’s surge como a melhor oportunidade possível para você finalmente alcançar algum nível de produtividade na vida. Com sorte, você conseguirá provar para o mundo que é capaz de fritar alguns hamburgers e comprar um par de tênis com a sua própria carteira. Parece bom o bastante.

DO YOUR JOB!

Jeff Bezos, Jay Leno, Pharrell Williams, Rachel McAdams, Sharon Stone, Shania Twain, James Franco, Carl Lewis seguiram por esse caminho. Todos adolescentes sem rigorosamente nada a oferecer para o mundo encontrando no McDonald’s seus primeiros centavos.

Nenhum deles achava que estava “dando errado”. Não estavam. Se há um caminho possível, aliás, para dar certo na vida ele começa necessariamente em entender a sua posição no mundo.

E esse é um dos maiores problemas do nosso tempo. Nós ainda não saímos da adolescência.

Encare esse lugar, sua rede social. A maior parte do nosso debate político por aqui é travado por jovens que se acham os seres mais interessantes do planeta, incapazes de imaginar um país onde o governo não cuide de cada processo de suas vidas insignificantes.

É apenas nisso que se resume todos os seus discursos. Conseguir coisas de graça.

Eles querem hospital. E escola. E água. E emprego. E bolsa. E cota. E universidade. E diversão. E querem os cuidados do governo da maternidade ao túmulo, do horário de acordar ao horário de dormir, da primeira série à pós-graduação, do primeiro estágio à aposentadoria.

McDonald’s? Impossível. Trabalho escravo, eles dizem.

E eu sei que pareço um velho no leito da morte falando coisas desse tipo, mas essa é a grande lição da vida:

Se nada der certo, você continuará adolescente para sempre.

Frágil.

Mimado.

Pretensioso.

Se tiver vocação suficiente para a preguiça, poderá até transformar a adolescência na sua grande ideologia política.

E não será difícil supor seu discurso: vocabulário padronizado, lugares comuns, clichês anti-econômicos.

Preocupado com microagressões, lugares de fala e discussões pseudosociológicas. Com uma alta carga de imposição de sugestionabilidade às suas ideias e um senso de superioridade moral irrefreável. Tentando salvar todo mundo: os mais pobres, a classe trabalhadora, o meio ambiente, as baleias. Com o dinheiro e o trabalho dos outros. Incapaz de amarrar o próprio cadarço.

Parece familiar o bastante para você?

Essa não é uma festa à fantasia. Esse é o mundo real. O seu mundo real.

E se nada der certo na vida, você morrerá sem entender de verdade o que isso tudo significa.”

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