Exposição em Campinas reúne obras de artistas mulheres e reflete sobre a presença feminina no mundo da arte

A exposição inédita ” NQHMA – Nós Que Habitamos o Mundo Alheio! ” reúne a partir de amanhã mais de 100 obras de 14 artistas mulheres na galeria Arqtus – Ligia Testa, no Taquaral, em Campinas. A vernissage será nesta terça-feira das 17h às 21h, aberta ao público. A visitação segue até o dia 20 de agosto com agendamento prévio.

Com organização e produção de Ligia Testa, uma das mais renomadas curadoras de arte de Campinas, a exposição traz a mulher como protagonista e reflete sobre sua presença (ocultada) no mundo da arte.             

Foram convidadas 14 artistas mulheres e muita diversidade – de diferentes histórias, cidades, técnicas, idades, classes sociais e formações acadêmicas – para mostrar a este mundo a este mundo a que vieram: Cristiane Maschietto, Cristina Sagarra, Di Miranda, Doris Homann, Duda Clementino, Fernanda Carvalho, Flavia Jackson, Gisele Faganello, Josie Mengai, Mariana Gadelha, Nadir Santilli, Nenesurreal, Olívia Niemeyer e Tania Martins.

São elas: brancas, negras, periféricas, mães, donas de casa, arquitetas, engenheiras, jornalistas, fonoaudiólogas, economistas, linguistas, psicólogas, instrumentadora cirúrgica… São mulheres e minoria nas galerias do mundo! Uma delas in memoriam, nascida em 1898, migrante da 2ª guerra mundial, representada por suas obras, Doris Homann foi uma mulher muito à frente de seu tempo.

Vindas de várias cidades, próximas e distantes, como Hong Kong, Escócia, EUA e Berlim. Solteiras, casadas, divorciadas, viúvas. A exposição reúne uma coletânea de histórias diferentes, mas em comum pesa a consciência de que não é fácil morar no mundo alheio, onde não são convidadas naturalmente a participar. 

Entre elas, a descoberta da necessidade de produzir arte veio de maneiras diferentes e em tempos próprios a cada uma, mas hoje é o que fazem para viver, em suas distintas propostas _ de pagar as contas do mês a amenizar o caos do mundo atual, mas com um único sentido para todas: superar a luta diária de ainda não ter o próprio mundo para viver. A diferença é que elas, com seus talentos e criatividade, estão construindo este mundo para as futuras gerações habitarem: filhas, netas, bisnetas, para que tantas novas gerações de mulheres ocupem os espaços das artes.

Baixa presença feminina em espaços e exposições de arte

“As mulheres precisam estar nuas para entrar no Metropolitan Museum, em Nova York? Na seção de arte moderna, 5% dos artistas são mulheres, mas 85% da nudez nas obras é feminina”. O contexto é um alerta da Guerrilla Girls, grupo nova-iorquino de artistas feministas anônimas que combatem sexismo e machismo no mundo da arte. 

A reforma do Museum of Modern Art – MOMA, em Nova York, que custou 450 milhões de dólares, começa a soprar sinais de mudança. A reforma foi além da estrutura arquitetônica e da ampliação dos espaços, com a proposta de aumentar a diversidade, contemplando mais obras de artistas femininas e de trabalhos de outras regiões do mundo. Dentro dos novos acervos, especula-se a obra “A Lua”, de Tarsila do Amaral, adquirida por 20 milhões de dólares, ainda não confirmado, mas, se for verdade, traz esperança e dá o devido valor à obra da artista brasileira e seu lugar no mundo.

E mais perto de nós, no Museu de Arte de São Paulo-MASP, o que dizem os números? Apenas 6% dos artistas do acervo em exposição são mulheres, e 60% dos nus são femininos.

Ligia Testa, curadora e galerista, se movimentando com muito empenho para o sucesso do evento.

Em pleno século XXI, é verdade, mas a igualdade de gênero no universo das artes está longe da superação. Linda Nochlin, historiadora da arte, no artigo “Why have there been no great women artists?” (“Por que não houve grandes mulheres artistas?”), reivindica um novo paradigma à história da arte mostrando que as barreiras da sociedade impediam (no passado) e ainda impedem (no presente) as mulheres de desenvolver seu lado artístico e de obter reconhecimento como artistas.

É o que revelam as artistas que fazem parte  “Nós que habitamos o mundo alheio” “A proposta desta exposição é mais uma de muitas iniciativas para provocar conversas, reações, discussões, para adensar a busca pela igualdade de gênero nos acervos mundo afora, e para propiciar que as pessoas contemplem a arte produzida do ponto de vista feminino” , explica a curadora Lígia Testa.

SERVIÇO

NQHOMA: ‘NÓS QUE HABITAMOS O MUNDO ALHEIO’

Abertura: 20 de junho, das 17 às 21h (vernissage)

Local: Galeria Arqtus – Ligia Testa

Endereço: Av. Dr. Heitor Penteado, 1611 – Taquaral, Campinas SP

Visitação: até 20 de agosto (com agendamento por WhatsApp 19 99792 722)

TV GLOBO Campinas, dando destaque à exposição que começa amanhã.

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