Inovação e tradição

Henri Matisse, The Snail, 1953 – Tate © Succession Henri Matisse/DACS 2013

Inovar e preservar são verbos que para alguns podem parecer incompatíveis. Ledo engano. Uma das principais manifestações de sabedoria está exatamente em trabalhar com esses dois fatores ao mesmo tempo. Não é tarefa fácil, mas ter sucesso nela aponta para uma forma de interpretar o mundo.

A obra ‘The Snail’ (‘O Caracol’, 1953), de Henri Matisse (1869 – 1954), aponta justamente para a possibilidade de criar com essas duas variáveis. Se o recorte de papel como técnica é algo tradicional, principalmente se pensarmos nos países orientais, a maneira como o artista francês compõe a obra é de intensa felicidade.

A felicidade está no ato de fazer e no de compartilhar um trabalho realizado ao apagar das luzes da vida. Mesmo quando muitos estão pensando no final, Matisse aponta para um começo, um recomeço, um devir, um fazer sem limites ou fronteiras, um brilhar como possibilidade existencial ilimitada.

O trabalho nos ensina que a tradição está para ser vista, revista e recriada, enquanto o inovar permite ver com outros olhos, refletir sob novos parâmetros e gerar visões de magnitude única. Isso vale para qualquer profissão ou área de atuação. Está no DNA de quem deseja envelhecer com dignidade e um sorriso maroto e puro na alma e no rosto

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador

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