Inovar sempre

Isto não é um cachimbo, René Magritte, 1929

A primeira palavra do livro ‘A desmemoria e seus outros nomes’, de Márcio Barreto’, publicado pela Editora Imaginário Coletivo, de São Vicente, SP, é “peculiar”. É algo significativo, pois nos leva a pensar o significado desse termo na realidade contemporânea.

O que significa ser “peculiar”? É algo que o próprio de alguma pessoa ou de alguma atividade. E isso se dá de uma maneira muito especial na arte, pois cada um tem, como criador, facetas insuspeitadas. Ser artista significa justamente manter a capacidade de fazer algo novo, insuspeitado, inédito e inaudito.

E o novo incomoda, porque não consegue ser colocado em caixinhas ou sistemas estabelecidos com antecedência dentro de paradigmas conhecidos. Uma das contradições do mundo contemporâneo está no discurso que prega a criatividade e a inovação, mas dentro de determinados sistemas, com paradigmas ‘norteadores’.

Não pode haver nada mais contraditório ao novo do que ensinar a ser novo. Ser novo significa criar novos caminhos. E, se são novos, vão demandar novos sistemas, que ficarão velhos assim que forem enfrentados por novidades. Nada mais ultrapassado do que um sistema que prende o novo em fórmulas e padrões.

“A desmemoria e seus outros nomes’ termina com a palavra “mar”. E na nudez da alma, na liberdade do criar e na morte do ego que o mar mostra a sua grandeza. A literatura de Márcio Barreto busca atingir esses paradigmas. E por isso é peculiar, própria dele como indivíduo e como amador e amante da sua arte e dos valores universais do inovar sempre.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador

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