Linha-Mar: Livro de Rafael Segatto Barboza da Silva é lançado em Vitória (ES)

(Rafael Segatto é curador e artista do projeto NADO. Foto: Felipe Amarelo)

O lançamento de Linha-Mar será realizado no ateliê do artista, localizado na zona portuária de Vitória, um espaço simbólico para o projeto e cenário da gravação do M’PEMBEIRO – o navio com vida, um dos filmes da plataforma NADO

Rafael Segatto Barboza da Silva lançou seu mais recente livro, Linha-Mar, em um evento especial em seu ateliê, localizado em Vitória, Espírito Santo. A publicação representa um marco significativo em sua trajetória, com reflexões profundas sobre o mar como espaço de memória, identidade e resiliência, além de integrar sua pesquisa mais ampla
sobre corpos, territórios e ancestralidade.

O livro Linha-Mar faz parte do NADO – Experimentos para Corpos D’água, uma plataforma multidisciplinar de arte contemporânea que, apesar de nascer no Espírito Santo, se estende nacionalmente pelas temáticas que aborda. A obra contou com o acompanhamento de especialistas de renome, como Gleyce Heitor, diretora de educação do Instituto Inhotim, e Ariana Nuala, curadora do Museu Afro-Brasil, que
contribuíram para a construção do pensamento crítico e estético do livro.

O projeto teve seu primeiro momento no ano passado, quando foram realizados três filmes e a exposição Linha-Mar, no Museu do Pescador, além de outras ações artísticas e educativas. O livro agora lançado aprofunda essa trajetória, focando na exposição e nos filmes produzidos, explorando suas conexões e desdobramentos.

Dividido em diferentes seções, a publicação percorre temas como a memória das águas, a travessia atlântica e as relações entre corpos e territórios costeiros. “As águas carregam histórias e resistências, funcionando como um arquivo vivo, um território de conexão entre tempos e experiências”, reflete Rafael Segatto em um dos trechos do livro.

Em uma das seções, o leitor encontra uma conversa transcrita entre o artista e a curadora Ariana Nuala, aprofundando não só na trajetória de Rafael, mas em reflexões sobre ancestralidade e pertencimento. A investigação se expande para dimensões simbólicas, históricas e políticas, examinando como as águas são marcadores de memória e identidade.

(Linha-Mar traz reflexões profundas sobre o mar como espaço de memória, identidade e resiliência. Foto: divulgação)

Por meio de uma combinação entre textos, imagens e registros de performances, o artista examina as conexões entre a travessia atlântica, as práticas de resistência e a dimensão espiritual das águas. Rafael analisa ainda os impactos ambientais e as mudanças que transformam os territórios litorâneos, questionando a interferência humana e seus desdobramentos.

A publicação também dialoga com questões ambientais e globais. “Vivemos um momento de transformação acelerada e entender as águas como território é essencial para pensar nosso futuro”, afirma Gleyce Heitor em um dos textos que compõem a obra. A urgência de políticas culturais e ambientais é evidenciada no livro do artista, que propõe diálogos entre arte, ecologia e justiça social. O livro resgata saberes ancestrais que oferecem alternativas para um futuro mais sustentável e propõe uma reflexão sobre a relação entre arte e justiça ambiental.

Destacando a importância da preservação dos oceanos e de suas comunidades tradicionais, a obra também reflete sobre os impactos da modernidade colonial nos territórios costeiros.

O livro foi viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura do Espírito Santo, um dispositivo recente que fortalece a produção cultural no Estado, possibilitando que projetos inovadores como NADO se concretizem. Essa legislação tem sido fundamental para o crescimento da cena artística capixaba, promovendo iniciativas que ampliam o diálogo entre arte, território e políticas culturais.

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