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Às 8h30 da manhã desta sexta-feira (6), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse à reportagem que sua decisão era não ir a Curitiba para se entregar à Polícia Federal, como determinou o juiz Sergio Moro.
Lula passou a noite no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), em companhia dos filhos, amigos e dirigentes do partido, e lá pretende ficar durante o dia, em reunião. A dúvida agora é entre se apresentar em São Paulo ou não se apresentar.
Em rápida conversa telefônica, o petista disse que estava tranquilo, bem disposto, e que já tinha feito seus exercícios matinais como faz todos os dias.
Segundo o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, uma viagem do ex-presidente a Curitiba teria dificuldades de logística e de segurança, especialmente depois da decisão de Moro de bloquear as contas do petista.
O ex-presidente aguarda também o resultado de um novo pedido de habeas corpus feito pela defesa, dessa vez ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O argumento central é que o TRF-4 antecipou a execução da pena ao determiná-la antes da publicação do acórdão do julgamento dos embargos de declaração apresentados pelos advogados.
Ainda seria possível apresentar novos embargos e por isso, segundo a defesa, a prisão de Lula não poderia ocorrer tão rápido.
Segundo a ordem de Moro, decretada na tarde de quinta (5), o petista deve se apresentar à sede da Polícia Federal em Curitiba até as 17h desta sexta (6).
A decisão foi tomada após o magistrado receber ofício do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), pouco antes, autorizando o início do cumprimento da pena de Lula, de 12 anos e 1 mês, com início em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex de Guarujá (SP).
A ordem de prisão expedida por Moro foi a mais rápida entre condenados da Lava Jato que estavam soltos. O ex-presidente será preso nove meses após sentença, enquanto os outros casos duraram de 18 a 30 meses.
PF vê risco de segurança para prisão de Lula em sindicato
A Polícia Federal descarta, por ora, o envio de agentes ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo para prender o ex-presidente Lula.
A avaliação dos delegados é de que uma ação desse tipo poderia acabar em confronto e colocar em risco a vida de pessoas.
De acordo com apuração da reportagem, a cúpula da polícia tem defendido internamente que é preciso de “tranquilidade” e “juízo” para a situação.
Delegados afirmam que se Lula de fato não se apresentar, haverá uma avaliação constante para definir o melhor momento de realizar a prisão.
Avião e helicóptero à disposição
A PF tem um avião em São Paulo e um helicóptero prontos para levar o ex-presidente Lula à Superintendência da PF no Paraná, caso ele não se entregue em Curitiba.
Esse tipo de deslocamento evita tumulto na entrada do prédio da corporação, na zona norte da capital paranaense, já que grupos contrários e favoráveis ao petista articulam manifestações no local.
Segundo o chefe de escolta e custódia da polícia no Paraná, Jorge Chastalo Filho, Lula iria de helicóptero desde o aeroporto da capital paranaense.
Na superintendência estão presos outros alvos da Lava Jato, como o ex-ministro Antonio Palocci e o empreiteiro da OAS Léo Pinheiro, que negociam delação. Os detidos recebem visita uma vez por semana.
Lula ficará em um local classificado por Moro como”sala do Estado-maior. Trata-se de um dormitório de agentes, com janela e banheiro, adaptado. Um beliche foi retirado e uma cama de solteiro colocada no local. Há câmeras fora dessa sala. (Marina Dias, Camila Mattoso, Ricardo Kotscho, Catia Seabra e Felipe Bätchtold, Folhapress).