MAM São Paulo e Sesc levam a exposição “Sonhos Yanomami”, de Claudia Andujar, ao Sesc Ribeirão Preto

A partir de 12 de junho, a exposição Sonhos Yanomami, de Claudia Andujar, será exibida no Sesc Ribeirão Preto. Com realização do Sesc São Paulo em parceria com o MAM São Paulo, a itinerância leva ao interior do estado um conjunto de 20 imagens em que Andujar apresenta os rituais xamanísticos do povo Yanomami.

“A parceria entre MAM e Sesc São Paulo nos ajuda a expandir o alcance das exposições do museu,  indo a regiões diversas e enriquecendo a experiência do público”, comenta Elizabeth Machado, presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo.

O gerente do Sesc Ribeirão Preto, Mauro César Jensen, destaca as leituras que podem ser criadas com essa parceria: “é uma honra reabrir nossa sala expositiva ao público apresentando obras do acervo do MAM. Trazer à discussão a sabedoria dos povos indígenas através de uma mediação consistente é importante para repensarmos o presente e sonhar com futuros melhores”.

Artista e ativista, Claudia Andujar nasceu na Suíça, em 1931, e cresceu na Transilvânia em uma família de origem judaica e protestante. Sobrevivente do holocausto, chegou ao Brasil em 1955, onde começou sua carreira como fotojornalista e artista, e se estabeleceu no país. A fotografia era o meio usado por ela para conhecer as pessoas e aprender sobre o novo país. Em 1971, encontrou os Yanomami pela primeira vez e decidiu passar mais tempo com eles. Sonhos Yanomami é um dos últimos trabalhos realizados por Andujar a partir de seu acervo de imagens sobre o povo Yanomami.

Desde o primeiro contato com os Yanomami, Claudia Andujar voltou várias vezes para a região e lá permaneceu por longos períodos, desenvolvendo laços estreitos com seus membros, os fotografando em suas casas coletivas – chamadas “yano” – e os acompanhando na floresta para fotografar diversas atividades.

“Considero a série Sonhos Yanomami um turning point em minha experiência com os Yanomami. As imagens que compõem a série revelam os rituais xamanísticos dos Yanomami, sua reunião com os espíritos. A partir de sua criação, eu comecei a conceber uma interpretação imagética acerca dos rituais, fato que me deu acesso à genealogia do povo, aglutinando aspectos da cultura e dissolvendo as fronteiras entre os seres humanos, seus deuses e a natureza, integrando todos em um fluxo contínuo”, contou a artista em entrevista publicada na ocasião da exposição Identidade, exibida em 2005, na Fondation Cartier, em Paris.

A série é composta por 20 imagens geradas por meio da sobreposição de cromos negativos fotografados a partir de 1971. “Trata-se de uma obra do período maduro da artista, que já possuía grande intimidade com a cultura do povo que a acolheu. As imagens revelam algo dos rituais dos líderes espirituais Yanomami e a importância do sonho em sua cosmologia”, comenta Cauê Alves, curador-chefe do museu, em texto que acompanha a mostra.

O conjunto de imagens exibidos na itinerância é, também, reflexo de um momento de respiro de Andujar e do povo Yanomami. Ao lado de outros ativistas, Andujar fundou em 1978 a Comissão pela Criação do Parque Yanomami (CCPY) – conhecida como Comissão Pró-Yanomami. A Comissão, coordenada por ela, organizou a campanha pela demarcação do território Yanomami, a fim de garantir a preservação e a sobrevivência desse povo originário da Amazônia. A Terra Indígena Yanomami foi reconhecida pelo governo brasileiro em 1992, entretanto ela continua sendo invadida pelo garimpo ilegal que tem provocado centenas de mortes. Andujar fez da luta pela preservação do povo, da cultura e da terra Yanomami o trabalho de sua vida.

“A fotografia é minha forma de comunicação com o mundo. Um processo de mão dupla em que você recebe tanto quanto dá. Se o registro fotográfico de culturas pode ser considerado uma forma de compreensão do outro, eu acredito que com a série Sonhos eu consegui entender a essência do povo Yanomami”, afirmou Andujar na ocasião da mostra na Fondation Cartier.

Sobre o MAM São Paulo
Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.

Sobre o Sesc – Serviço Social do Comércio é uma instituição privada, sem fins lucrativos, criada em 1946 pelos empresários do comércio e de serviços em todo o Brasil. No estado de São Paulo, o Sesc conta com 42 unidades que congregam suas áreas de atuação nos campos de cultura, educação, esportes, lazer e saúde. As ações do Sesc São Paulo se norteiam por seu caráter educativo e pela busca do bem-estar social com base em uma compreensão ampla do termo cultura. Nesse sentido, a acessibilidade plena aos espaços e conteúdos oferecidos pela instituição tem em vista a democratização dos bens culturais como forma de autonomia do indivíduo.

No campo das artes visuais, a instituição cumpre o papel de difusora da produção artística contemporânea e dos demais períodos históricos, bem como das intersecções com outras linguagens artísticas, tendo como diretriz a realização de exposições para todos os públicos. São realizados, ainda, projetos com instalações, intervenções e performances, bem como atividades de ação educativa e mediação em formatos variados, tendo como foco o atendimento qualificado tanto a grupos agendados quanto ao público espontâneo, buscando, sobretudo, o alcance de uma formação sensível e o estímulo à autonomia e à liberdade de escolha.

O Sesc desenvolve, assim, uma ação de educação informal e permanente com intuito de valorizar as pessoas ao estimular a autonomia, a interação e o contato com expressões e modos diversos de pensar, agir e sentir.

Serviço:
Sonhos Yanomami, de Claudia Andujar
Abertura: 12 de junho de 2024, quarta-feira, às 19h
Período expositivo: 13 de junho a 22 de setembro de 2024
Local: Sesc Ribeirão Preto | Sala de Exposições
Endereço: R. Tibiriçá, 50 – Centro, Ribeirão Preto
Horários: Aberto de ter a sex, 13h às 22h, sábado e domingo, das 9h30 às 18h30
Entrada gratuita

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