Memória da terra

Criar arte é um renovado ato de olhar o mundo. Nelson Ulisses Rios oferta a sua visão quando pinta as suas telas. Parte de memórias afetivas e de experiências vividas para proporcionar uma jornada em que as suas ideias progressivamente se tornam uma representação de mundo.

O prazer estético na produção leva a um questionamento permanente do próprio trabalho no sentido daquilo que pode vir a ser feito. Surge um poderoso diálogo entre diversas instâncias, como aquilo que o mundo é, em sua essência; o que parece ser, ou seja, aquilo que é verossímil; e o que deveria ser, o ideal.

A natureza ganha, portanto, um papel essencial, pois sinaliza uma pureza existencial a ser atingida. Ao se observar o mundo, o artista enfrenta o desafio de lançar sobre ela um olhar renovado que universalize aquilo que se pensa para que possa atingir uma dimensão coletiva.

Entre a permanência da estabilidade cosmológica dionisíaca e a mudança caótica dionisíaca, Nelson Ulisses Rios opta pela primeira vertente. Isso não é bom ou mau, nem melhor ou pior. Afinal, a arte não contém verdades, mas perguntas. Suas imagens são, nesse aspecto, plenas de sinceridade e, por isso, encantam o olhar.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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