Monitor do PIB-FGV vê recuo de 0,7% na atividade econômica em abril

Por Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

O Monitor do PIB-FGV indicou um recuo de 0,7% na atividade econômica em abril, em relação a março, e crescimento de 0,3% no trimestre móvel terminado em abril, frente ao concluído em janeiro. Os resultados ocorrem na análise da série sem os efeitos sazonais.

Já na comparação interanual, a economia avançou 12,3% em abril e 5,3% no trimestre móvel completado no mesmo mês. Em termos monetários, a estimativa é que o Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todas as riquezas produzidas pelo país) atingiu, no acumulado do ano até abril de 2021, em valores correntes, R$ 2,7 trilhões. Os dados foram divulgados hoje (16), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Para o coordenador do Monitor do PIB-FGV, Claudio Considera, o alto crescimento da economia em abril em relação a abril de 2020 deve-se à comparação com uma base deprimida, uma vez que, em abril do ano passado, a economia atingiu a maior queda na série histórica iniciada em 2000.

“Isso fica evidente quando analisada a evolução do PIB contra os meses imediatamente anteriores, onde a atividade econômica não tem apresentado desempenho tão robusto. Esses resultados mostram que ainda é cedo para afirmar que a economia está crescendo de forma sustentável. Para que isso ocorra é necessário que um percentual maior da população esteja vacinado [contra a covid-19]”, observou.

Sazonalidade
Neste relatório do Monitor do PIB-FGV, o Ibre fez ainda um exercício adicional utilizando a série com ajuste sazonal [típico de determinada estação ou época], porque a pandemia influenciou os fatores sazonais de 2020, que podem não estar relacionados à sazonalidade.

Segundo o relatório, alguns institutos de estatística internacionais têm feito análises desses impactos e, por isso, além do ajuste sazonal habitual referente ao período de janeiro de 2000 a abril de 2021, foi realizado, adicionalmente, o ajuste sazonal para 2020 e 2021 “considerando os fatores sazonais referentes a 2019 e o fator calendário corrente”.

Conforme os resultados, caso os fatores sazonais da série do PIB utilizados sejam aqueles do período de 2000 até 2019, a taxa de variação em abril de 2021 seria de -1,5%, menor que a de -0,7% observada considerando todo o período de 2000 até abril de 2021.

“Esses resultados sugerem que as taxas ajustadas sazonalmente devem ser analisadas com cautela, pois a pandemia pode ter influenciado os fatores sazonais não apenas por razões econômicas como também estatísticas”, recomendou o relatório da FGV.

Famílias
O consumo das famílias avançou 4% entre fevereiro e abril, na comparação com o mesmo período do ano passado. Houve crescimento em todos os componentes do consumo. Os destaques foram o crescimento significativo dos produtos duráveis (29,1%) e semiduráveis (24,2%). “É importante destacar que o consumo de serviços cresceu pela primeira vez desde janeiro de 2020”, comentou o Ibre.

Capital
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), investimentos das empresas realizados em determinado tempo, que permitem o aumento da capacidade produtiva da economia, cresceu 17,3% no trimestre móvel terminado em abril em comparação ao mesmo período do ano passado. “Mais uma vez, pelo quarto mês consecutivo, todos os componentes da FBCF apresentaram crescimento, sendo o principal destaque o componente de máquinas e equipamentos”, indicou.

Exportação
As exportações também aumentaram no trimestre móvel concluído em abril. A alta ficou em 9,5%, em comparação ao mesmo período de 2020. O resultado, segundo a avaliação do Ibre, deve-se ao crescimento de todos os segmentos exportados, com exceção dos produtos da extrativa mineral.

Importação
A importação também registrou crescimento elevado de 20,7% no trimestre móvel findo em abril, em comparação ao mesmo período do ano passado. O desempenho foi influenciado principalmente pelo crescimento de bens intermediários.

“A importação dos serviços, embora tenha sido a única queda da importação nesse trimestre (-0,9%), já sinaliza melhora em comparação com as fortes quedas apresentadas nos trimestres anteriores”, finalizou o Ibre.

Edição: Kleber Sampaio

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