Mundo atinge recorde de 110 milhões de pessoas deslocadas e refugiadas

Conforme informado em junho último pelos principais veículos de comunicação internacionais e nacionais, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) divulgou um relatório confirmando que o mundo tem mais de 110 milhões de pessoas deslocadas e refugiadas, um recorde histórico. O número equivale a cerca de metade da população brasileira.

Segundo o documento Tendências Globais do Deslocamento Forçado, os conflitos na Ucrânia, no Afeganistão e na Síria, além da recente guerra civil no Sudão, levaram a um grande aumento no número de deslocados e refugiados. Esses dois grupos foram forçados a deixar seus lares. São considerados deslocados aqueles que continuam em seus países, enquanto os refugiados atravessam as fronteiras para buscar ajuda em outras nações.

Refugiados, 2023 – Renata Amaral – instalação apresentada na exposição coletiva “Transbordar”, na Casa da Frontaria Azulejada, em Santos, SP

No caso da Ucrânia, por exemplo, estima-se que mais de oito milhões de pessoas tenham deixado o país em busca de refúgio, enquanto outros seis milhões foram deslocados internamente.

A ACNUR lembra ainda que não são apenas as guerras que forçam as pessoas a se deslocar. Fatores como discriminação, violência política, pobreza e as mudanças climáticas também pode forçar esses deslocamentos.

Segundo o relatório, nas duas décadas anteriores ao conflito na Síria, que começou em 2011, o nível global ficou praticamente estável em cerca de 40 milhões de refugiados e deslocados internos. Mas o número cresceu dramaticamente desde então. Apenas de 2021 para 2022, houve um aumento de mais de 19 milhões de pessoas nessas situações.

O drama dos refugiados constitui um desafio humanitário. Esta instalação evoca os barcos repletos de pessoas que saem de um lugar conhecido para um idealizado geralmente desconhecido. Chegando ao destino, a vida pode ser transformada em areia que escorre pelos dedos.

Não há muitas vezes em que se segurar, seja no aspecto material, como um prato de comida, ou existencial, como o próprio sentido da vida perante uma jornada de dificuldades.

Na obra de Renata Amaral, os personagens são esculturas cerâmicas de vários tamanhos colocados em alturas crescentes, como se houvesse a possibilidade de eles se erguerem na nova situação à medida que descobrem uma nova realidade. O fato de cada refugiado ser diferente reforça o conceito de que eles não são números.

Cada um tem a sua individualidade e, pelo caminhar em novos territórios, constroem a sua própria coreografia de novas possibilidades de existir perante situações e vozes que representam impossibilidades vivenciais.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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