Famosas como a atriz Deborah Secco e a cantora Simone Mendes são exemplos de personalidades que já aderiram ao jejum intermitente visando perder peso. Trata-se de um método de consumo alimentar que alterna períodos de alimentação com períodos de inanição (não comer). Segundo a médica Cíntia Machado (CRM-RS 45.813), a prática melhora a sensibilidade à insulina, favorece a queima de gordura e estimula processos celulares como a autofagia, que contribuem para a renovação celular e a saúde metabólica. Ela aponta outros benefícios que incluem a regulação dos hormônios da fome, como a grelina e a leptina, e a redução de inflamação sistêmica, um fator ligado a diversas doenças crônicas.

Entretanto, a especialista lembra que o jejum intermitente não é indicado para algumas pessoas, como gestantes, lactantes, crianças, adolescentes em fase de crescimento, pacientes com histórico de transtornos alimentares e indivíduos com doenças metabólicas descompensadas, como diabetes ou hipoglicemia. Cíntia reforça que também pode não ser a melhor opção para indivíduos que apresentam alto nível de estresse ou fadiga, porque pode aumentar a produção de cortisol e afetar negativamente o equilíbrio hormonal.
Conforme a especialista, o jejum intermitente desencadeia diversas adaptações fisiológicas. Ela explica que o corpo utiliza o glicogênio armazenado no fígado como fonte de energia. Com o prolongamento do jejum, há um aumento da lipólise (quebra de gordura) e a produção de corpos cetônicos, que passam a ser utilizados como combustível. “Isso pode levar a maior clareza mental, mais energia e menor inflamação. No entanto, algumas pessoas podem sentir sintomas temporários, como tontura, dor de cabeça e irritabilidade, principalmente nas fases iniciais da adaptação”, ressalta.
Ciclo
A médica esclarece que o ciclo do jejum intermitente varia de acordo com a estratégia adotada. Os protocolos mais comuns são o 16:8 (16 horas de jejum e 8 horas de alimentação), o 14:10 (14 horas de jejum e 10 horas de alimentação) e o 5:2, em que a pessoa come normalmente cinco dias na semana e reduz a ingestão calórica drasticamente em dois dias. “Durante o período de jejum, é permitido o consumo de água, chás, café sem açúcar e eletrólitos (quando necessário). Nesse intervalo, recomenda-se manter-se ativo, priorizar boas noites de sono e gerenciar o estresse para otimizar os benefícios do jejum”, alerta.
Orientação
Ao orientar um paciente sobre jejum intermitente, Cíntia avalia o histórico clínico, perfil metabólico, rotina diária, estado nutricional e nível de adaptação ao jejum. A médica considera sinais de desequilíbrios hormonais, como resistência à insulina, distúrbios da tireoide, além da relação emocional do paciente com a alimentação. “O protocolo é sempre ajustado de forma personalizada, garantindo que seja seguro e sustentável em longo prazo”, pontua.
A especialista reforça que, embora traga muitos benefícios, o jejum intermitente não é indicado para todos e precisa ser adaptado às necessidades individuais. Quando feito sem orientação, pode levar a deficiências nutricionais, desregulação hormonal, episódios de compulsão alimentar e impacto negativo na função metabólica. “Um profissional capacitado avalia se o paciente está apto para jejuar, ajusta a estratégia para minimizar efeitos adversos e garante que a alimentação no período de alimentação seja balanceada e nutritiva”, finaliza.