Simplificação da carta, o cartão-postal é um retângulo que circula pelos Correios sem envelopes. Em uma das faces, está o endereço do destinatário, a postagem do selo e a mensagem e os dados do remetente; e, na outra, alguma figura. O seu uso permite mandar conteúdos de maneira mais fácil e barata em relação às cartas comuns.
Surgiu no século XIX e se disseminou pelo mundo, ganhando com o passar do tempo, características artísticas, inclusive por apresentarem imagens turísticas, sendo muito vendidos em bancas de jornais e comprados e enviados para registrar para familiares a passagem por algum lugar.
Logo se tornaram objetos de colecionismo. Essa vertente é a que interessa a Reinaldo Bongarten (@fabricapoetica). Ele é provavelmente é o artista visual brasileiro – e mesmo mundial – que criou o maior número deles, com mais de 1700 devidamente numerados e intitulados.
As suas imagens provêm das formas geométricas do círculo, do retângulo e do quadrado. Isso permite criar um amplo repertório. Surge assim um conjunto de imagens que possibilita infinitas possibilidades de percepções e de comunicação com o público. Afinal, um cartão postal tem a sua origem na capacidade de instaurar um diálogo.
Quando concebido como obra de arte, não busca apenas um destinatário como objetivo. A sua mensagem se amplia para o mundo. E, nesse processo, uma coleção de postais expressa o desejo de conversar com um público infinito e inimaginável que pode encontrar, nas composições propostas pelo artista, uma forma de identificação.
Essa interação tanto pode ocorrer pela emoção, pela razão e pela criatividade, em graus diferentes, de acordo com o repertório de cada receptor e multiplicador da imagem. Conhecer os mais de 1700 cartões postais de Reinaldo Bongarten constitui assim um mergulho na densidade da experimentação e da capacidade artística de tudo transformar.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.