Arte é uma opção existencial. A frase pode parecer apenas um momento de efeito retórico, mas constitui um ponto de partida para mergulhar nas imagens de Marco Magalhães. Elas trazem um sentimento de mundo porque se conectam com três grandes tradições do fazer.
Há algo de fabular nelas, no sentido de permitirem uma narrativa. É o que ocorre principalmente nas figuras silenciosas de mulheres. Vê-se um momento de uma expressão existencial, mas é possível pensar nas histórias delas antes e depois da imagem proposta.
Existe, porém, também, a construção de uma lenda, pois as visões realizadas do feminino têm pontos de contato com a vida considerada real e geram a possibilidade de criar um campo ficcional em que aquilo que existe no mundo conhecido dialoga com a esfera do imaginado.
Há também a perspectiva mítica do significado de ser mulher. As cores rebaixadas, as formas distorcidas, o letrismo e o textos enigmáticos e indecifráveis fazem repensar como o feminino caminha e em quais direções. A fabulação, o lendário e o mítico se relacionam assim de modo a proporcionar renovadas camadas de leitura visual.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.