PM usa bombas e gás pimenta para dispersar foliões no centro de SP

Folhapress

MARTHA ALVES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Policiais militares usaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os foliões no centro de São Paulo, por volta da 0h desta quarta-feira (1º). Testemunhas disseram que a ação da PM durou cerca de dez minutos e não deixou feridos.

Segundo foliões e ambulantes, foram jogadas ao menos seis bombas de efeito moral na praça Roosevelt e três na rua Nestor Pestana. Ninguém soube informar o que teria motivado a ação da PM.

Na confusão, parte das pessoas correu ao espaço Parlapatões, à escadaria da praça e outros em direção à rua Augusta. Um gari que descia a rua Augusta no momento da confusão disse ter ouvido o barulho das bombas e cruzou com muitas pessoas correndo.

A ambulante Lúcia Rejane Nascimento da Silva, 40, que vendia bebidas com a filha e o genro, falou ter ouvido o barulho de seis bombas. Após a ação da PM, ela e muitas pessoas saíram correndo do local. “Não vi ninguém ferido”, disse.

Um grupo tentou enfrentar a polícia jogando garrafas, segundo o segurança de uma casa noturna, que pediu para não ser identificado. Ele disse que viu uma quantidade excessiva de policiais na região observando os foliões.

Por volta da 0h, os policiais militares jogaram spray pimenta e três bombas contra a multidão que dançava e conversava em frente à boate onde ele trabalha na rua Nestor Pestana. Muitas pessoas tentaram correr para dentro do local.

“A confusão começou na praça e veio uma muvuca de pessoas correndo. Um grupo começou a jogar garrafas na PM”.

Após a confusão, ambulantes e foliões, em menor número, voltaram a tomar a praça Roosevelt. Alguns policiais à pé observavam os foliões à distância.

Por volta das 4h, a festa na região não parecia ter hora para acabar. A PM também não sabia informar se tentaria fazer uma nova dispersão nem explicar o motivo do uso das bombas de gás e do spray de pimenta contra os foliões.

GÁS INVADE APARTAMENTOS

Moradores de prédios na praça Roosevelt reclamaram da ação da polícia e da fumaça do gás lacrimogêneo que invadiu os apartamentos da região.

O consultor Max Lantz, que mora no segundo andar de um prédio, disse que por volta da 0h começou a entrar gás lacrimogêneo na sala do seu apartamento. Ele falou que pegou uma roupa no varal, colocou no rosto e foi para a sacada para tentar gravar a ação da polícia.

“Vi pessoas com as mãos levantadas e braços abertos mostrando que não tinham nada e fugindo em direção às escadas da praça”, falou Lantz.

O jornalista Márcio Apolinário postou em uma rede social que o seu apartamento foi infestada por gás lacrimogêneo jogado pela PM. Ele e a namorada tiveram que ir para as pias do banheiro e da cozinha para lavar o rosto que ardia e tentar amenizar a tosse.

O casal também foi obrigado a esperar alguns minutos na escada de incêndio do prédio para voltar para o apartamento.

Apolinário disse que da varanda do seu apartamento viu toda a ação da PM que cercou a praça e começou “uma guerra desleal com os foliões” que faziam apenas barulho.

“Um absurdo sem tamanho e não vou falar que isso foi despreparo nenhum da polícia. Foi muito bem orquestrado. A praça foi cercada, não havia como nenhum folião escapar disso. Eles desencadearam o quebra-quebra, não os foliões”, disse Apolinário.

Outros internautas também fizeram postagens nas redes sociais reclamando da ação da PM, como Eduardo Nasi que escreveu aos turistas que estavam pensando em vir ao Carnaval de São Paulo no próximo ano. “Repensem. Sempre acaba em bomba da PM.

O ator e roteirista Ivam Cabral postou um vídeo feito da janela do seu apartamento e escreveu que a praça estava em estado de guerra. “Policia veio soltando bombas de gás lacrimogêneo pra dispersar as pessoas”.

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