Regata na Escola de Vela de Ilhabela

Regata na E.V.I. – Genésio Teles

A partir da posição dos personagens e das cores das figuras retratadas na célebre “Santa Ceia”, de Leonardo da Vinci, o artista visual Genésio Teles realizou, em 2017, um painel na Escola de Vela de Ilhabela “Lars Grael”. Seis anos depois, o trabalho é restaurado para receber a 50ª Semana Internacional de Vela do município (SIVI).

O suporte utilizado é simbólico, pois 90% provém do icônico veleiro “Atrevida”, que completa 100 anos em 2023. Sua história peculiar começa em Bristol, EUA, onde foi construído, logo fazendo sucesso nas regatas da Nova Inglaterra na década de 1920.

Em 1946, sob comando do comodoro Jorge Bhering de Mattos, que comprou a embarcação e a rebatizou com o nome atual, deixou os EUA com destino ao Iate Clube do Rio de Janeiro. Há relatos que, na então capital brasileira, teria recebido visitas ilustres da esfera da política e das artes.

Sob outro proprietário, ela quase afundou na Baia de Guanabara e foi abandonada no seco, no pátio de um estaleiro em Niterói. O antigo e imponente veleiro foi, então, vendido como sucata. Em 2004, porém, começou um processo de restauração que recuperou a sua importância histórica.

No ano seguinte, voltou a navegar pelo Caribe e América do Sul e vai participar, de 23 a 30 de julho, na classe clássico, da regata Alcatrazes por Boreste da SIVI, considerada o maior encontro da modalidade na América Latina. A competição, de mais de 50 milhas náuticas, contorna Ilhabela.

O trabalho de Genésio Teles traz a representação de 14 velas de grandes proporções, sendo que 13 dialogam com Cristo e aos seus discípulos, mas apenas uma delas, a que está à direita, que alude a Maria Madalena, ultrapassa a moldura em direção ao mar, local da regata. Em dimensões menores, estão ainda 13 embarcações a navegar.

O painel constitui uma jornada pela cultura que rodeia o mar e também por signos que conversam com a tradição religiosa em uma perspectiva de associação entre o que cada um vê e o que a imagem evoca. Multiplica conotações que a dinâmica dos veleiros ao mar traz pela capacidade de estimular a liberdade do existir.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

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