Ruínas, de Marco Magalhães

O tempo e as consequências que ele traz são as principais temáticas de uma série do artista visual Marco Magalhães intitulada “Ruínas”. O conjunto de imagens estimula uma reflexão sobre o poder de cada instante de gerar transformações. Isso pode ocorrer filosoficamente na mente, mas também ocorre na esfera dos objetos.

Cada segundo que passa altera o que costumamos chamar de realidade. A tinta das paredes perde a cor original e ganha novas tonalidades. A escada, metáfora da vida, por sua vez, também apresenta sentidos distintos, pois talvez nem possa mais ser usada por estar deteriorada. Torna-se, entretanto, um ícone de recordações.

O mesmo vale para as janelas. Vidros quebrados, que permitem enxergar frestas, ou sujos e desgastados são representações daquilo que o tempo faz com cada um. Se não se cuida de nós mesmos e dos objetos, o tempo engole tudo. A sua ação é cotidiana e destrutiva, alertando para a impermanência do que existe.

A série traz um depoimento da existência que alerta para a essência da vida. Se não se usa construtivamente o tempo, ele corrói. Tem uma ação derrisória onisciente. Constitui uma divindade, como Cronos na Grécia Antiga, que tudo devora. Assim, pessoas e casas são transformadas. O que resta delas pode ser apenas lembranças e fotografias.

Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.

Publicações relacionadas

Leave a Comment