Três em cada quatro docentes já presenciaram discriminação no ensino fundamental

Pesquisa Datafolha com docentes do estado de São Paulo mostra as formas implícitas e explícitas da discriminação no cotidiano das escolas públicas A discriminação é uma realidade no ambiente escolar, estando presente em maior ou menor grau nas várias dimensões de vivência de docentes e estudantes. As vítimas apresentam uma frequência variada. Os mais diferentes estereótipos culminam em atos e falas explícita ou implicitamente preconceituosas, que podem levar até à evasão escolar e abandono da docência. Esse é o quadro mais geral do levantamento realizado junto a docentes do Ensino Fundamenta l I e II de cidades paulistas, entre elas as quatro mais populosas do Estado – São Paulo, Guarulhos, Campinas e São Bernardo do Campo. Também participaram docentes de Andradina, Catanduva, Diadema, Francisco Morato, Marília, Mauá, Pindamonhangaba, Ribeirão Preto, Santos, Sorocaba e Suzano. Especialistas no assunto foram ouvidos na fase qualitativa da pesquisa.A pesquisa intitulada Percepção de docentes sobre a reforço de estereótipos discriminatórios na prática do ensino fundamental público, foi realizada pelo Datafolha, a pedido da Associação Mulheres pela Paz, ONG fundada em 2003, voltada para a equidade de gênero e suas interseccionalidades. O apoio é da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, por meio de uma emenda parlamentar da deputada federal Luiza Erundina. A publicação, contendo os resultados da pesquisa e textos de apoio ao assunto, será lançada em um seminário virtual de formação no dia 30/10/2021, sábado, das 9h às 12h. Os principais resultados estão ao final deste release.

A escola pode reforçar estereótipos – sexistas, racistas, LGBTfóbicos, gordofóbicos, etc. –, mas é também um espaço privilegiado para a desconstrução das discriminações. Entre as evidências da pesquisa, destaca-se o fato de que não há como a escola sempre estar preparada, mas há como a escola sempre estar ativa e trabalhando para encontrar caminhos, para ser sempre um ambiente plural e democrático, onde se respeita porque se é respeitado e
onde se educa integralmente, não apenas na transmissão de conhecimentos de um leque de disciplinas. Ficam apontadas como principais demandas a necessidade de se trabalhar, concomitantemente, a formação de docentes, seja diretamente relacionada aos temas que suscitam discriminações, seja na atualização de como as disciplinas podem ser lecionadas de forma a contribuir para a desconstrução das discriminações por estereótipos; o estímulo ao
diálogo aberto entre estudantes para que eles/elas mesmos/as possam ser agentes da transformação da educação, diante de um tema que tem sido trazido para o ambiente escolar por conta de suas próprias experiências; o alinhamento institucional do sistema educacional e, por fim, a aproximação do diálogo com as famílias e as comunidades.
Segundo análise de Vera Vieira, coordenadora da pesquisa, “para se avançar no árduo processo de desconstrução cotidiana das discriminações entre as pessoas – principalmente as sexistas, racistas e LGBTfóbicas, já que são os fatores que vão influenciar sobremaneira as assimetrias de poder e oportunidades no transcorrer da vida, impedindo o avanço da luta pela conquista de uma sociedade pacífica, justa e equitativa –, faz-se necessário identificar e trabalhar as barreiras invisíveis que influenciam o dia a dia nas principais rede de relações, como a escola, a família, a igreja, as mídias, levando em conta principalmente os vieses inconscientes, que são as barreiras invisíveis dos preconceitos. Além das desigualdades de poder e oportunidades entre as pessoas, tais assimetrias são responsáveis por estatísticas1
assustadoras de violência contra mulheres e meninas (agressões, estupros, assassinatos, feminicídios), incluindo os recortes de raça e identidades de gênero nessas vítimas”.
Ninguém nasce com preconceito e com tendência à discriminação. Trata-se de uma construção social, que é reforçada pela cultura e vem sendo mantida historicamente, nos diversos âmbitos da vida pública e privada. Se é uma construção, pode ser descontruída. São as pequenas ações do cotidiano que vão ajudar nesse árduo processo. É pelo trabalho educativo, que transforma seres humanos em agentes políticos, que se consegue alterar os condicionamentos
provocados por mitos e imagens presentes nos vieses inconscientes, com a certeza da capacidade de reflexão das pessoas.
30/10/2021, das 9h às 12h – Seminário virtual de lançamento da publicação Inscrições: https://mulherespaz.org.br/pre-inscricao-seminario-percepcao-de-docentes- sobre-oreforco-de-estereotipos-discriminatorios-na-pratica-do-ensino-fundamental/ Informações adicionais: associaçã[email protected] – [WhatsApp: 11 99647-9497], com Vera Vieira
VEJA, A SEGUIR, OS PRINCIPAIS RESULTADOS DA PESQUISA:

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