Uma das chaves para penetrar no mundo da arte contemporânea, inclusive em suas vertentes mais conceituais, é a ressignificação. O termo é muito usado, mas muitas vezes deixamos de lado seu principal significado, que é justamente o estímulo a “significar de novo”, ou seja, a olhar novamente, sob novos ângulos, para um objeto e/ou situação.
Esse processo gera a atribuição de um novo significado, transformador, que pode libertar o artista e a sociedade de conceitos anteriormente consolidados, geralmente carregados de (pré) conceitos. Esse processo dá a cada criador a capacidade de criar um próprio mundo, que o faz dialogar de maneira enriquecedora com si mesmo e com o entorno social e existencial.
Ao pedir brinquedos velhos para a família e amigos, Georgia Pires Rister desenvolveu projetos de instalações e de performances registrados em fotos. Utilizou o papelão como base e prendeu, com elástico e barbante, pequenos bonecos para obter o efeito desejado. A pintura com guache auxiliou a compor o cenário.
A simbologia das cores aponta para o verde da esperança de a natureza continuar viva sendo destruída pelo vermelho das queimadas, que destrói biomas com seus animais, seja no Pantanal, na Caatinga, no Cerrado, na Mata Atlântica, na Amazônia e no Pampa Gaúcho.
Dessa maneira, a partir de brinquedos velhos não mais utilizados, o trabalho os ressignifica e mantém, com a denúncia, a esperança na recuperação da fauna, da flora, do clima e do solo. Afinal, um dos papeis da arte é justamente o de denunciar aspectos da sociedade, evitando que temas importantes para o ser humano sejam esquecidos ou deixados de lado.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador