Diversos pintores trabalharam conscientemente as aproximações entre as artes visuais e a música. Isso foi feito de muitas maneiras, desde as mais explícitas, com referências mais diretas a elementos sonoros, àquela mais sutis, que aludem a ritmos e harmonias atingidos pela composição e pelo modo como cores e formas são distribuídos na tela.
Kandinsky por exemplo, disse que “(…) o parentesco entre a pintura e a música é evidente (…); um som (…) provoca uma associação de cor precisa (…); ‘ouvimos’ a cor e ‘vemos’ o som”. Portanto, a integração de linguagens estaria não apenas na escolha do assunto a ser representado, mas na transposição do audível para o visível.
Esta exposição de Gabriel Ramos traz a música para as telas como temática, mas também em um estilo em que as atmosferas costumam ser sugeridas, instaurando um mundo próprio, leve e sutil. Existe uma delicadeza na forma como a música é associada com imagens.
A relação entre música e pintura, portanto, se dá em grande parte pela sugestão do movimento e pela profundidade proposta na construção de planos. Ver as obras sugere a audição de uma interpretação plástica caracterizada pelas divisões de tempos musicais obtidas pelo pensamento criativo e pela técnica pictórica do artista.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador.