Como músico há mais de 35 anos, sempre vi a música como uma forma poderosa de expressão e conexão. Com o tempo, percebi que a vida é como um disco de vinil, onde cada faixa representa uma etapa da nossa existência. Cada canção traz seu próprio ritmo e melodia, contando a história das fases que vivemos. Assim, nossa linha do tempo se desenrola, com cada nova experiência gravada em seu lugar, formando um álbum que é exclusivamente nosso.
A agulha que toca o disco é a memória, essa ferramenta mágica que acessamos para revisitar cada trilha da nossa vida. Às vezes, ela desliza suavemente sobre as notas da infância, trazendo à tona risadas e momentos de inocência. Outras vezes, pode se prender em uma faixa de nostalgia, despertando lembranças de amores e conquistas que moldaram quem somos.
Conforme giramos o disco, passamos de uma faixa a outra, mudando de fase. Na juventude, a agulha toca as canções vibrantes da descoberta e da rebeldia, onde aprendemos, erramos e nos divertimos. À medida que a vida avança, as músicas se tornam mais complexas, refletindo responsabilidades, desafios e o amadurecimento. Cada etapa é única, com sua própria trilha sonora, gravada para sempre em nosso disco pessoal.
Mas entre essas faixas, há um espaço fundamental: o silêncio. Esses momentos de pausa representam as transições entre as etapas, o tempo que precisamos para refletir e nos preparar para o que vem a seguir. O silêncio é onde as novas fases se formam, aguardando para serem descobertas. Assim como em um álbum, esses intervalos são essenciais, pois nos permitem absorver o que já vivemos antes de embarcarmos em novas canções.
Esses silêncios são oportunidades para contemplação e crescimento, permitindo que entendamos as lições do passado e nos conectemos com nossos sentimentos. É durante essas pausas que podemos nos reorientar, ajustando a agulha da memória para a próxima faixa que se aproxima, cheia de novas possibilidades.
Às vezes, voltamos a faixas mais antigas, revivendo momentos que nos trazem alegria ou saudade. A memória é uma máquina do tempo que nos permite revisitar o que já passou, trazendo à tona os sons que marcaram nossa trajetória. Cada faixa do disco da vida, com suas canções e silêncios, nos ensina a importância de celebrar as experiências que moldam quem somos.
Assim, ao refletirmos sobre nossas vidas, que possamos valorizar cada faixa e cada pausa. Que o silêncio entre as músicas nos lembre que novas fases estão sempre a caminho, prontas para serem gravadas em nossa história. A vida, como um disco, é um álbum em constante produção, e cada nova canção merece ser escrita e ouvida com atenção. A vida é música…sempre
Fredi Jon – Músico,escritor e diretor artístico do grupo de serenata Serenata & Cia – www.serenataecia.com.br