Avô, Série Dançando com as mãos, 2018 – Ricardo Caldeira – carvão e acrílica sobre papel
A obra de Ricardo Caldeira, artista visual que participou, dias 30/8 e 8/9/2023, de encontros livres online com artistas organizados pelo crítico de arte Oscar D’Ambrosio, tem como um de seus pilares a dança, entendida como um universo peculiar que lida com a capacidade dos movimentos do corpo.
Ela pode ser entendida como um salto no vazio no sentido de uma permanente entrega àquilo que uma melodia sugere. Existe a técnica, mas ela está associada à emoção. Coração e intelecto caminham juntos na busca por um processo em que o sentir e o pesquisar caminhem lado a lado.
As obras de Ricardo Caldeira, em sua visualidade, levam a pensar a dança como uma espécie de abraço e, nessa perspectiva, são fundamentais para o entendimento de que estar sozinho traz elementos positivos até um ponto, mas gerar arte sem levá-la ao mundo, sem propiciar um dançar e um abraçar, real ou simbólico, pode conduzir a múltiplas dores.
Ricardo Caldeira relaciona dança com artes visuais ao realizar composições que escapam da racionalidade gélida (o “Penso, logo existo”, de Descartes) para lidar com a fenomenologia das ideias e do movimento. Perante um período de vida limitado neste plano que conhecemos, a arte passa a ser considerada um ato de ser perante o mundo.
Trata-se, portanto, de uma maneira de se relacionar com a aparente realidade em que aquilo que surge como improvável se torna possibilidade concreta. Acima de tudo, criar, como mostra o trabalho de Ricardo Caldeira, pode ser um feliz jogar permanente com ideias e imagens em variados espaços e tempos.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador