Por Fredi Jon
Dizem que cuidam, dizem que lutam,
mas se lambuzam do mesmo banquete.
De esquerda ou de direita, o poder embriaga,
e a verdade é sempre o que convém na manchete.
Criticam com raiva, posam de justos,
mas viajam em jatinhos, brindam com vinhos caros,
choram pelos pobres nos palanques montados,
e riem deles nas salas com tapetes raros.
Quem agora grita contra a anistia
se esquece dos próprios pecados lavados.
Foram perdoados quando lhes convinha,
e agora querem juízo só pros lados errados?
É fácil ser pedra quando já se foi vidraça.
É fácil acusar quando se tem microfone.
Mas a memória é curta, e a pose é larga.
E o povo, esse, é que paga cada disfarce que se impõe.
Os que hoje marcham com punhos erguidos,
ontem assinaram acordos em silêncio.
E os que governam com slogans e cinismo
são filhos do mesmo sistema imundo e imenso.
Há tanto herói de ocasião por aí,
com bandeira, discurso e nenhum espelho.
Porque se olhassem nos olhos do passado,
veriam a lama no próprio joelho.
Nos prometeram mudança, justiça, verdade…
E nos deram só teatro, vingança e vaidade.
Enquanto isso, o povo — o eterno usado —
segue apagado, invisível, calado.
Mas a história não esquece. Ela observa.
E um dia cobrará de todos, sem script, sem farsa.
Dos que roubaram, dos que mentiram, dos que calaram,
e também dos que fingiram lutar… só pra posar na praça.