Estudo perdido por décadas pode mudar o que sabemos sobre as gorduras saturadas

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Você provavelmente colocou a gordura saturada na sua lista de pecados alimentares mortais. Há muito tempo ouvimos que ela aumenta os níveis de colesterol LDL, também conhecido como colesterol “ruim”, e, consequentemente, o risco de desenvolver doenças cardíacas mortais.

Será que um estudo não analisado realizado mais de 40 anos atrás pode desafiar as nossas visões atuais em relação ao risco de mortalidade da gordura saturada?

É isso que muitas pessoas estão se perguntando após a reavaliação dos dados coletados no Minnesota Coronary Experiment ter sido publicada na última terça-feira na BMJ, publicação de medicina do Reino Unido que está entre as mais conceituadas do mundo. Christopher Ramsden, pesquisador médico no National Institutes of Health, ouviu a respeito do Minnesota Coronary Experiment (MCE) há alguns anos, enquanto procurava por estudos sobre os efeitos do ácido linoleico, encontrados em óleos de sementes, no corpo. O experimento clínico, controlado da MCE, envolveu mais de 9 mil homens e mulheres de hospitais psiquiátricos governamentais e uma casa de repouso.

Entre 1968 e 1973 os pesquisadores fizeram com que metade dos participantes mantivesse uma dieta rica em gorduras saturadas presentes no leite, queijos e outros produtos de origem animal. Os homens e mulheres restantes receberam dietas praticamente sem gordura saturada, com óleo de milho no seu lugar. O óleo de milho é uma gordura insaturada, encontrada em muitos alimentos processados presentes nos supermercados atualmente.

Os pesquisadores pretendiam mostrar que as gorduras poli-insaturadas presentes nos óleos vegetais ajudariam a prevenir as doenças cardíacas e levariam a taxas de mortalidade menores. No entanto, Ramsden descobriu que os resultados finais do estudo nunca foram revelados. Ele entrou em contato com a Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, para saber se poderia ter acesso às informações.

Embora Ivan Frantz Jr, principal autor do estudo, já não estivesse mais vivo, seu filho, o cardiologista da Mayo Clinic, Robert Frantz, encontrou dados do Minnesota Coronary Experiment escondidos em uma caixa no porão da casa da sua família, e os enviou a Ramsdem para que o pesquisador pudesse dar uma segunda olhada.

“Meu pai definitivamente acreditava em reduzir as gorduras saturadas, e eu cresci mantendo este hábito,” disse Robert ao Times. “Em casa, nós seguíamos uma dieta relativamente pobre em gordura, e aos domingos ou ocasiões especiais comíamos ovos e bacon.”

Surpreendentemente, os antigos resultados não confirmaram o que a sabedoria atual afirma a respeito da gordura. Ainda que os participantes que mantiveram a dieta pobre em gorduras saturadas – com o óleo de milho como substituto – tenham reduzido seus níveis de colesterol em cerca de 14%, não houve uma redução no risco de morte. O estudo, na verdade, mostrou que quanto maior a redução do colesterol, maior o risco de morte durante o período do experimento.

A regra de ouro do consumo de gordura — que tem sido cada vez mais questionada — é manter uma dieta pobre em gorduras saturadas para ajudar a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, substituindo-as por gorduras poli-insaturadas encontradas em óleos vegetais, como o óleo de milho usado no estudo de Minnesota.

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