José de Gouvêa instaura as suas imagens afetivas na procura do diálogo com o público. Trata-se de um processo visual que se manifesta pelas paisagens da região e pelos retratos de personagens locais. Existe assim uma espécie de diário afetivo que se constrói a cada imagem.
O conjunto de obras traz visões do município de Lindoia, SP, por meio de aspectos físicos e humanos. A somatória leva a uma indagação constante sobre os caminhos a serem percorridos pela arte. Uma análise de uma visualidade pode não ser apenas estética. Existe a riqueza de um adensamento nas poéticas que levam a um mergulho visual.
Uma obra de arte não precisa ser um campo de batalha a ser julgado. Muitas vezes, de acordo com o artista, isso pode acontecer, pois lutas interiores geram esse tipo de tensão. Todavia, obras como as de José de Gouvêa são representações de um estar no mundo em harmonia com o entorno.
Isso não significa algo bom ou mau, um mérito ou demérito. Cada artista e obra tem a sua poética e a sua estética. Penetrar nelas é desvendar um mundo de possibilidades e de aberturas do olhar para aquilo que pode nos ser familiar ou não. Perceber diferentes inteligências de estar no mundo é uma das principais maravilhas das artes.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador
